Steve Cordell, gestor da Schroders, esteve em Lisboa a perspetivar o futuro das ações europeias e a sua relação com o ciclo económico.
Com a casa cheia, Steve Cordell, fund manager da Schroders e membro da equipa de Business Cycle, apresentou, numa recente visita a Lisboa, as suas propostas para o mercado europeu.
O gestor começou por dar algum enfâse à recuperação europeia que tem vindo a ocorrer nos últimos doze meses, com os números do PIB real a serem mais animadores. “Mesmo com a situação na Ucrânia que mudou o panorama na Europa, assistimos a uma recuperação, particularmente na zona euro”, afirmou Steve Cordell. No entanto, tem havido, nos últimos tempos, uma desaceleração do crescimento económico sobretudo devido à economia germânica. “O colapso no sector da manufactura e a respetiva perda de confiança poderá ter um impacto importante para a fragilidade da economia alemã”, alerta.
Apesar da recuperação, o problema da deflação pode pressionar as ações para uma tendência descendente. Ainda assim, o gestor considera que o BCE tem “dado todas as ferramentas às economias locais para crescer”, tendo tomado algumas medidas que podem ajudar a economia europeia. Uma delas foi a introdução de taxas de juro negativas para os depósitos, que esteve na base da desvalorização do euro. “Uma moeda mais débil poderá dar um impulso positivo para os resultados do próximo ano”, avança Steve Cordell.
A “avaliação exaustiva dos bancos da zona euro por parte do BCE. Foi uma das medidas mais importantes adotadas pelo banco central”. O gestor considera, também, que durante o próximo ano poderá existir um aumento dos empréstimos bancários na região.
Pragmatismo acima de tudo
O Schroder ISF European Opportunities é um fundo gerido pela equipa de Business Cycle cuja abordagem se define como pragmática e, naturalmente, seguidor do ciclo económico e dos diversos momentos que o compõem. De forma a fazer jus ao seu processo de investimento, factores como fazer uma “análise de sensibilidade dos ganhos das empresas, tentar utilizar os principais indicadores para saber em que ponto exacto do ciclo económico estamos ou fazer um stock selection de qualidade” assumem particular importância e ajudam a equipa gestora a fazer as melhores escolhas para o portfólio.
Maiores oportunidades em Espanha e no Reino Unido
No presente momento, o gestor vê as maiores oportunidades no Reino Unido ou em Espanha. Esta escolha deve-se, em parte, ao objetivo de sobreponderar grandes empresas (large caps) em período de deterioração da sua atividade e elevar o peso das empresas de média capitalização num cenário de crescimento económico. “Temos aumentado a nossa posição em large caps face às pequenas e médias empresas, preferindo as mais defensivas, de forma a evitar alguma recessão. Nos últimos meses temos, precisamente, realizado algumas mudanças estratégicas, adoptando essa postura mais defensiva, vendendo algumas posições cíclicas”, explica Steve Cordell.
Para o gestor o “êxito da estratégia reside na capacidade de antecipação. É nos pontos de inflexão do ciclo que revemos os lucros e também quando se fazem novas estimativas para os preços das ações”, afirma. “O importante é ser capaz de mexer na carteira antes que tudo aconteça”, continua o gestor. Desta forma a análise macroeconómica assume especial relevância. “Vamos apenas para os mercados onde as expectativas económicas partem de níveis baixos e onde existe uma enorme margem para vermos algumas surpresas positivas”, conclui Steve Cordell.