Uma alternativa para “navegar” na fase de ciclo atual

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O contexto atual dos mercados tem-se tornado cada vez mais desafiante para o segmento obrigacionista. Com os diferentes Bancos Centrais no centro das atenções, e em fases distintas no que toca às suas políticas monetárias, o que fazer para alcançar uma rentabilidade satisfatória, mas ao mesmo tempo proteger a carteira de futuros choques de mercado?

Luke Copley, generalist portfolio manager de fixed income da Allianz GI, acredita que a retirada de estímulos por parte dos Bancos Centrais é, precisamente, “um desafio para todos os mercados de obrigações”, embora não considere que esta possa resultar num ambiente de choque no mercado. Esta visão é baseada no facto de a atuação dos principais Bancos Centrais estar tão bem telegrafada, não sendo provável que se verifiquem surpresas negativas nos próximos dois anos.

Olhando para este contexto, o gestor defende que existem duas questões essenciais: de que forma poderão ser geridas as subidas de taxas e o achatamento da curva de yields, em particular sendo um investidor exposto a duration; e de que forma pode um investidor em crédito adaptar a gestão nesta fase madura do ciclo e qual o potencial de alargamento dos spreads.

Maior flexibilidade na primeira...

Para Luke Copley, a exposição a emissões em distintas divisas pode ser uma boa ferramenta para gerir o contexto de subida das taxas de juro, uma vez que existe maior flexibilidade neste campo. Um dos aspectos importantes é que a sua alocação pode ser baseada quer nos dados macroeconómicos, quer nos fundamentais do país subjacente, não tendo, assim, que enfrentar a mesma curva ou sensibilidade às taxas. “Como tal, temos posições nos portefólios onde sobre-ponderamos o euro e onde adoptamos uma posição curta face ao dólar. Procuramos também obter exposição a divisas de mercados emergentes, onde é possível obter algum retorno em divisas mais estáveis face ao dólar, o qual acreditamos que tem pouco espaço para apreciar”, explica Luke Copley.

O bias pela sub-ponderação da duration nos portefólios, durante o início deste ano, acabou por resultar bastante bem, “uma vez que, em janeiro, as yields subiram, permitindo superar os índices de referência”. Ainda assim, o ritmo de subidas de taxas de juro e das yields não deverá continuar nos próximos meses, pelo que preferem adotar um posicionamento mais neutral no que respeita a duration.

...contexto mais desafiante na segunda

Do lado do crédito, o gestor defende que o desafio é de maior dimensão, uma vez que “um investidor neste segmento não pretende possuir uma grande exposição a divisas ou de gerir ativamente as taxas de juro – pretende retornos gerados por ativos de crédito”. Assim, o objetivo deve ser proteger a carteira da volatilidade e preservar o capital, em vez de “obter retornos com as subidas de taxas de juro ou com o alargamento dos spreads”. Tendo em conta esta visão, a gestão dos portefólios de crédito tem adotado uma postura mais defensiva, favorecendo crédito de sectores não-cíclicos e utilities. Para além disso, reduziram também a duration do spread e procuraram melhorar a qualidade creditícia. Ainda assim, a exposição a sectores cíclicos também existe, embora seja acompanhada por um outlook positivo relativamente ao país em questão. Isto é, “podemos ter exposição a obrigações financeiras subordinadas de bancos europeus, onde vemos que o quadro estrutural tem vindo a melhorar”, explica o gestor.

Flexibilidade, diversidade e foco no risco de crédito

As palavras acima são as que melhor caracterizam o Global Multi Asset Credit, que, segundo o gestor, é o produto que melhor reflete as ideias da gestora para “navegar” no momento atual. Este é um produto unconstrained e que tem como objetivo gerar cash +3%, sendo “bastante diverso em termos de regiões e sectores, sem um ciclo de crédito único, para que o risco seja equilibrado de forma global”, investindo nos quatro maiores segmentos de crédito. O prémio do risco de crédito é o foco principal, detendo cobertura de divisa e uma duration bastante reduzida – menos de três anos.

Em termos da composição de carteira, 25% do total está alocado a obrigações high yield, 10% a mercados emergentes e detém exposição a securitized assets, como commercial mortgage backed securities ou ABS, “onde é possível encontrar um perfil de retornos estável”, justifica Luke Copley. As obrigações do sector financeiro e do segmento investment grade credit compõem o restante da carteira.

Outro dos aspectos que o gestor destaca deste produto é a capacidade de aumentar a sua liquidez ou deter uma pequena exposição a obrigações governamentais de curto-prazo (até 15%), na eventualidade de ocorrer um evento negativo neste segmento, para reduzir e gerir a volatilidade. “Não queremos estar “fully invested” em crédito, e, como tal, pretendemos alguma segurança também”, avança. Por outro lado, ao longo dos últimos anos, como resposta a eventos que poderiam levar a um alargamento dos spreads e em períodos de liquidez reduzida no mercado, com potencial para um aumento da volatilidade, o fundo tem implementado determinadas estratégias de cobertura macro - como a venda de futuros de índices de ações, que permite proteger a carteira de parte dos riscos do segmento high yield. “A combinação destes factores, em conjunto com coberturas micro, será fulcral para ter a capacidade de proteger o capital”, vaticina Luke Copley.