Uma outra forma de olhar para diversificação

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Cedida

O processo de construção de carteiras diversificadas com base no ‘risk premia’ “nasce a partir de uma tentativa de optimizar o beta procurando uma maior descorrelação entre as varias classes de activos no que diz respeito à alocação de activos”, afirmou Gregor Hirt.

Durante muitas décadas, a abordagem tradicional e balanceada 60/40 (acções/obrigações) foi o modelo dominante para o investimento multi-activos. Enquanto a solução apareceu para cumprir os objectivos do retorno de muitos investidores, significava que as acções representavam 90% do risco em suas carteiras. O ‘endownment model’, pioneiro pelas grandes e sofisticadas universidades dos Estados Unidos nos anos 90, foi considerado como a maneira mais eficaz na melhoria do retorno e diversificação dado que, na sua definição, aloca uma parcela significativa da carteira em classes de activos não tradicionais como retorno absoluto, imobiliário e ‘private equity’. “Inicialmente, os resultados foram encorajadores, mas rapidamente se tornou evidente que as vantagens da diversificação adquiridas através da passagem de activos patrimoniais líquidos para um 'mix' mais amplo de activos de menor liquidez, os alternativos que eram negociados de forma privada e tendiam a desaparecer em momentos de mercado de maior ‘stress’, resultando em perdas não diferentes das de acções”, explicou.

Neste sentido, concluiu Hirt, “um crescente número de investidores tem vindo a adoptar uma abordagem de paridade de risco, onde o objectivo base é diversificar os riscos da carteira de forma mais equitativa entre classes de activos. A alocação será, assim, feita em função das contribuições de risco de cada classe de activos”. A exposição alavancada a obrigações associada a muitas destas estratégias tem sido destacada como uma possível causa de preocupação com as ‘yields’ em níveis historicamente baixos, embora possa ser tratada através da gestão activa, limitando a exposição global a obrigações.

Portanto, na Schroders consideram que a paridade de risco é um ponto útil de partida já que reconhece que a alocação de activos deve ser baseada no risco em detrimento do capital. Contudo, “acreditamos que conseguimos construir melhores portefólios decompondo as classes de activos nos respectivos prémios de risco, considerados os ‘building blocks’ das classes de activos. Existem quatro tipos de prémios de risco - inflação, duração, crescimento e estratégias. Um elemento chave no investimento sob esta abordagem de prémios de risco é a capacidade de identificação da componente de risco de cada classe de activos, assim como a capacidade de avaliação da sua respectiva atractividade”, sublinhou o head of multi-asset Europa da gestora britânica.

Ideias atractivas de investimento para construção de portefólios diversificados 

Gregor Hirt destacou, em primeiro lugar, “a potencial ‘outperformence’ das acções cíclicas versus defensivas como uma ideia de investimento interessante no presente. A avaliação das acções defensivas tem-se tornado muito cara comparativamente à das cíclicas, não só em termos relativos como também em termos históricos. Num ambiente de subida das taxas de juro, parte do sector defensivo está positivamente correlacionado com as taxas de juro e por isso ficam sobre pressão quando as taxas de juro sobem”.  

Depois do recente aumento das taxas de juro dos Estados Unidos "ficámos mais favoráveis às ‘treasuries’ em detrimento das ‘bunds’", disse. No segmento de dívida, o head of multi-asset referiu ainda que “a dívida de mercados emergentes tem passado por uma forte pressão de venda, pelo que acreditamos que com uma análise mais detalhada é possível obter lucros com os ‘spreads’ atractivos das taxas de juros, especialmente num espectro mais defensivo de países sólidos com baixa exposição ao sector das ‘commodities’. As obrigações do México e Polónia oferecem algum valor no momento actual”.

Por último, indicou um possível enfraquecimento do iene japonês face ao euro. “Enquanto o BCE está limitado em termos de expansão monetária, como foi provado por comentários de Mário Draghi e a própria intervenção do Tribunal Constitucional Alemão, a política do Banco do Japão é uma forma fácil para a 'Japanese Premier Abe' de influenciar a rendibilidade do sector exportador, muito mais do que insistir junto do Parlamento, às vezes desafiando as reformas estruturais”.