Update do Robeco Global Consumer Trends: resultados, tendências atrativas que identificam e últimas mudanças na carteira

Jack Neele. Créditos: Cedida (Robeco)

O Robeco Global Consumer Trends é um fundos de ações de referência no mercado ibérico. Este produto da Robeco conta com Selo FundsPeople 2021, pela sua classificação tripla: Favorito dos Analistas, Blockbuster e Consistente. Se este fundo se destacou por alguma coisa nos últimos anos, foi pelos seus bons resultados na rentabilidade/risco. De acordo com os dados da Morningstar, este está no primeiro decil desde 2017, com uma rentabilidade anualizada líquida a três anos de 20%, três pontos acima da média da sua categoria e 0,6% superior ao do índice com o qual é comparado, o MSCI ACWI Growth NR.

Jack Neele, gestor de estratégia, continua a focar-se nas principais tendências de crescimento estrutural que moldam o consumo global (digitalização, classe média emergente, saúde e bem-estar). Na sua opinião, a carteira está bem posicionada para o futuro. “Não podemos negar que as baixas taxas de juro apresentaram um ambiente favorável para as empresas de crescimento de qualidade nos últimos anos. Muitos dos nossos investimentos estão integrados nesta categoria, principalmente devido à sua liderança no mercado e à sua vantagem competitiva sustentável”, afirma.

As políticas dos bancos centrais e os estímulos adicionais para combater o impacto económico da pandemia ajudaram a manter as taxas de juro baixas. No entanto, uma pergunta que todos os intervenientes no mercado se fazem é se as recentes pressões inflacionárias são transitórias. “Isto é algo que estamos a seguir de muito perto, uma vez que a inflação e as elevadas taxas de juro podem pressionar as valuations e impactar o sentimento de curto prazo das ações com potencial de crescimento”, reconhece.

Razões para o pior desempenho relativo em 2021

Este ano a rentabilidade relativa foi afetada, em parte, pela recuperação de valor em setores como bancos, energia e matérias-primas. “Estes setores são sobretudo business-to-business e, como estamos focados nas grandes tendências do lado do gasto no consumo, não investimos neles. Por outro lado, a pergunta sobre se a recuperação dos ativos de valor vai continuar é um tema que estará presente em todas as conversas”, prevê.

Nos últimos meses, Neele tem conseguido observar uma mudança de sentimento em torno desta questão, o que poderá ser bom para o fundo numa perspetiva de rentabilidade relativa. Outro fator que influenciou a rentabilidade relativa mais fraco é a crise chinesa com o seu setor tecnológico, onde tomou medidas.

Posicionamento atual e vieses da carteira

A equipa está empenhada em investir nas principais tendências estruturais a longo prazo no que diz respeito ao gasto no consumo. Acreditam que algumas das tendências têm atualmente um grande atrativo. É o caso, por exemplo, dos pagamentos digitais. “A movimentação de dinheiro para o digital é contínua e oferece crescimento estrutural no segmento dos pagamentos. Isto torna este setor muito atrativo ao longo do ciclo económico. É provável que beneficiem empresas como PayPal, Adyen, Square, Visa e Mastercard. Os pagamentos estão também diretamente ligados à recuperação económica, dado que as viagens internacionais foram prejudicadas em 2020 e ainda não recuperaram totalmente. Além disso, e neste segmento, contemplamos uma interessante atividade de fusões e aquisições, como a recente aquisição da Afterpay pela Square”, explica.

Não é o único tema que Neele considera interessante. Há mais, como a humanização dos animais de estimação. “O número de famílias com animais de estimação está a aumentar globalmente. E até acelerou durante a pandemia. Além disso, o volume de dinheiro que as pessoas gastam com os seus companheiros peludos também está a aumentar. Uma forma de beneficiar desta tendência é investir em fornecedores de alimentos para animais de estimação ou empresas que fornecem vacinas e medicamentos para animais de estimação. O crescimento neste segmento tem-se revelado mais ou menos independente do crescimento macroeconómico. Isto porque as pessoas tendem a ver os seus animais de estimação como se fossem crianças.”

Há também big tech, ou seja, as maiores e mais dominantes empresas de tecnologia do mundo. “Estas empresas oferecem aos investidores exposição a algumas das tendências mais fortes do mercado: publicidade online, e-commerce, computação em nuvem, redes sociais, dispositivos móveis, inteligência artificial... As tendências de crescimento dos ganhos da Big Tech tiveram um desempenho muito forte a longo prazo e aceleraram durante os confinamentos. Algumas das grandes empresas tecnológicas mais estabelecidas, como o Facebook e a Alphabet, estão a beneficiar da recuperação e negoceiam em múltiplos atrativos”.

Últimas alterações e mecanismos de proteção

O facto de haver uma maior regulação no que diz respeito às empresas tecnológicas chinesas levou-os a abandonar várias empresas tecnológicas nesse mercado e a reduzir a sua exposição à Internet chinesa para 5-6%. Também diversificaram a sua exposição à tecnologia asiática, ao adicionar empresas de comércio eletrónico com sede na Coreia do Sul à carteira.

Na sua opinião, as empresas de alta qualidade que possuem ativos intangíveis valiosos, baixa intensidade de capital, margens elevadas e retornos superiores sobre o capital produziram historicamente retornos acima da média, ao mesmo tempo que oferecem uma proteção em ambientes voláteis de mercado. “Acreditamos que as empresas que possuem estas qualidades estão preparadas para gerar ganhos e um crescimento saudável dos lucros e, portanto, continuarão a gerar retornos atrativos a longo prazo para os investidores.”

Além disso, estimam que as avaliações de mercado para estas empresas são justificadas dada a qualidade dos seus modelos de negócio, os elevados níveis de crescimento dos lucros e a sustentabilidade das suas marcas.

“Não tomamos decisões de cobertura dentro da carteira. A parte da saúde e bem-estar (cerca de 30% dos ativos) oferece em si um elemento de defesa.  Além disso, a nossa exposição a tendências como a digitalização e o crescimento da classe média emergente oferece um maior potencial positivo. Esta combinação de tendências proporcionou uma equação de rentabilidade/risco atrativa para o nosso portefólio. Por isso, acreditamos que estamos bem posicionados para o futuro”, conclui.