A presença de entidades estrangeiras é cada vez maior no mercado nacional. Como é que cada segmento da gestão de ativos tem investido em unidades de participação de fundos estrangeiros?
O investimento que cada um dos segmentos da área de gestão de ativos preconiza ao nível dos fundos estrangeiros permite tirar algumas conclusões “históricas” sobre a confiança que os investidores foram depositando neste tipo de produto, sobre a própria evolução dos ativos que compõem estes instrumentos ou ainda acerca da oferta que as casas internacionais foram disponibilizando em Portugal.
A partir da compilação dos dados anuais disponibilizados pela CMVM entre o período compreendido entre 2007 e 2017, é possível verificar que o segmento de gestão de patrimónios é o mais destacado no que toca ao investimento em UPs de fundos estrangeiros... embora com altos e baixos, como é possível verificar no gráfico abaixo.
Fonte: CMVM
2008 e 2011: marcos importantes
Um ‘ano horribilis’ para todos os segmentos de gestão de ativos foi sem dúvida o de 2008. Os dados da CMVM mostram que também o investimento em UPs de fundos estrangeiros foi impactado: na gestão de patrimónios a taxa de variação do valor investido em UPs de fundos estrangeiros de 2007 para 2008 foi de -30%, -36% nos OICVM e FIA, enquanto nas entidades comercializadoras foi ainda maior, no caso de -61%. Estes dados refletem não só os resgates líquidos do período como também a desvalorização dos ativos nas carteiras dos fundos.
A crise da dívida soberana foi outro dos períodos que marcaram a vermelho o investimento em UPs de fundos estrangeiros. A taxa de variação do investimento em UPs de fundos estrangeiros foi negativa em 2011, no caso -16% no segmento de gestão de patrimónios, enquanto que ao nível das entidades comercializadoras essa decréscimo se cifrou nos -40%. A CMVM indica que em 2010 a comercialização de fundos estrangeiros se cifrava num valor superior aos 900 milhões de euros, enquanto um ano depois esse valor decresceu para os 559,1 milhões de euros.
Anos de recuperação
Se por um lado os anos já visados marcaram negativamente os dados relativos ao investimento em UPs de fundos estrangeiros, outras alturas há que assinalar de forma positiva. Assinale-se por exemplo os anos de 2013 ou 2015, nos quais o investimento em fundos estrangeiros conseguiu taxas de crescimento interessantes em cada um dos segmentos, como visível no gráfico abaixo.
Fonte: CMVM
Gestão de patrimónios: o peso pesado
Embora eventualmente possa existir alguma duplicação de dados no que diz respeito ao valor agregado do investimento em UPs de fundo estrangeiros no mercado nacional, é de assinalar que a gestão de patrimónios é o segmento que mais investe neste tipo de produto: os dados do Regulador indicam que no final de 2017 este valor ultrapassava já os 8.500 milhões de euros.
Entidades comercializadoras: crescimento colossal
As entidades comercializadoras de fundos de investimento estrangeiros, por seu lado, são um caso a sublinhar no que toca ao crescimento que têm vindo a protagonizar ao nível dos fundos estrangeiros. Hoje em dia estas entidades comercializam mais de 4.000 milhões de euros de UPs de fundos estrangeiros, mas nem sempre assim foi. Recuemos ao ano de 2007: por essa altura o valor comercializado por estas entidades era de 1.154,6 milhões de euros, ou seja, 10 anos depois esse valor mais que triplicou. Olhando para o mínimo alcançado nesta década – 2008, altura em que estas entidades apenas tinham 448 milhões de euros de valor investido em UPs de fundos estrangeiros – é de se assinalar um crescimento superior a 800% comparativamente com o final do ano de 2017.