O diretor de Thematic Indices da S&P Dow Jones analisa os dois motores que explicam o forte crescimento do investimento temático baseado em índices nos últimos anos.
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Com um crescimento anualizado de 22% na última década, apenas podemos descrever o boom do investimento temático como espetacular. E é um boom dos ativos sob gestão em temáticos que ocorreu especialmente nos últimos três anos, como vemos no gráfico partilhado pela S&P Dow Jones Indices. A verdadeira explosão deu-se em 2020 e acentuou-se ainda mais em 2021. No ano passado, em linha com a forte correção dos mercados, o ritmo de crescimento do património abrandou, mas continua muito acima dos níveis de 2019.

O que explica esta forte tendência em temáticos? Para Vidushan Ragukaran, diretor de Thematic Indices da S&P Dow Jones Indices, há dois fatores evidentes. O especialista falou no evento O Futuro dos ETF organizado pela FundsPeople com o apoio da BNP Paribas Asset Management, da Fidelity International, da J.P. Morgan Asset Management e da State Street Global Advisors SPDR.
A primeira é o aparecimento de grandes temas: avanços tecnológicos, desafios relacionados com o clima e alterações demográficas e sociais. “As abordagens setoriais já existem há décadas, mas agora falamos de megatendências que afetam vários setores, que estão a perturbar as atividades empresariais tradicionais e, de facto, a mudar o comportamento empresarial e humano em grande escala”, explica Vidushan Ragukaran. “Pensem no número de horas que passámos coletivamente só este ano a falar das potenciais alterações que a inovação tecnológica trará às nossas vidas, por exemplo, com o aumento do protagonismo dos serviços baseados em inteligência artificial, como o ChatGPT da OpenAI”, insiste. Na opinião do especialista, é praticamente impossível ignorar a magnitude da mudança que estas questões continuarão a trazer consigo nos próximos anos.
Agora temos as ferramentas para capturar mais eficazmente um tema
O segundo fator é a capacidade do setor para medir mais eficazmente esses grandes temas. Basta ver como evoluiu o mercado. Dos setoriais dos anos 90 aos veículos de temas cada vez mais específicos. Do primeiro índice temático lançado pela S&P Dow Jones Indices em 1999, o Dow Jones Internet Index, até aos últimos lançamentos, como os temáticos centrados no metaverso ou os semicondutores. “Hoje em dia é mais viável criar uma exposição temática do que há 20 anos”, afirma Vidushan Ragukaran.
As ferramentas e os dados à disposição dos provedores de produtos também cresceram e evoluíram. “Temos observado um enorme aumento da disponibilidade e da qualidade das fontes de dados pertinentes nos últimos anos. É o que nos permite medir mais eficazmente os temas de forma transparente e baseada em regras”, insiste o especialista.
A inovação tecnológica também ajudou. Por exemplo, no caso da gama de soluções de índices Kensho da S&P Dow Jones Indices, criada através do processamento da linguagem natural e da aprendizagem automática avançada. “Agora as ferramentas são capazes de analisar centenas de documentos e isolar as empresas que pertencem a um determinado tema numa fase mais antiga do seu ciclo de vida”, afirma Vidushan Ragukaran.
A velocidade e profundidade são essenciais no investimento temático. “Pensemos no iPhone. Foram precisos anos para que a Apple divulgasse dados concretos sobre o crescimento dos lucros gerados pelo seu telemóvel, apesar dos sinais anteriores sobre os seus planos de lançamento. Agora, uma máquina é capaz de analisar muita informação e tirar conclusões mais cedo”, afirma.
Por último, também se registaram importantes avanços no que Vidushan Ragukaran denomina molho secreto de um provedor de produtos: as bases de dados especializadas. Por exemplo, o S&P Dow Jones Indices aproveita os dados sobre sustentabilidade da sua divisão independente afiliada, a S&P Global Sustainable. Esta última fornece conjuntos de dados exaustivos, incluindo pontuações ESG a nível de empresas, métricas de impacto e dados sobre biodiversidade. Aplicados como parte da construção de índices, os dados permitem-lhes criar soluções de índices concebidas para medir temas específicos tendo em conta a sustentabilidade e as necessidades do mercado.