Vitalis, a consultora de fundos de pensões que quer ser mais do que isso em Portugal

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Abraham Hernandez (Vitalis) Créditos: Cedida (Vitalis)

A Vitalis instalou-se em Portugal em 2016, mas a sua história é bem mais longa. A consultora independente ligada à gestão de investimentos e consultoria atuarial, tem no México já um histórico muito longo. São 28 anos de existência, num país no qual são pioneiros dos “Princípios para o Investimento Responsável”, desde 2018.

Os números falam por si. Prestam aconselhamento a mais de 800 empresas, e, como conta Abraham Hernandez (na fotografia), presidente da entidade e seu co-fundador, geram impacto em mais de 300.000 trabalhadores. Seja através de “planos de pensões e fundos” ou “caixas de poupança”. São mais de 70.000 milhões de pesos (2.759 milhões de euros) em aconselhamento através de contas de gestão discricionária e consultoria.

Embora em Portugal os planos passem por constituir uma SGOIC (Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Coletivo), a expressão na Europa já existe com algumas estratégias de vários espetros de investimento sob as quais prestam aconselhamento.  No Luxemburgo, essas estratégias “materializam-se” sob a forma de fundos de investimento.

Da dívida ao ESG

Em primeiro lugar, Abraham fala de uma estratégia de dívida internacional. Esta tem como objetivo “oferecer uma alternativa de risco moderado a longo prazo com uma yield atrativa". Utilizando para isso "uma estratégia de investimento em obrigações, fundos e ETFs de dívida, com exposição a mercados emergentes denominados em USD, EUR e moedas locais”. Segue-se uma estratégia de ações globais. Esta investe diretamente “numa carteira concentrada de ações globais".

Uma terceira estratégia combina “10 ETF para proporcionar uma exposição equilibrada aos principais mercados internacionais”, a baixo custo e com elevada liquidez. Chama-se Vitalis Global Allocation, e no Luxemburgo apresenta então mesmo nome. No espaço das megatrends eurpopeias, por sua vez, apresentam uma estratégia que visa igualar o desempenho do índice Stoxx Europe 600”, conta o profissional.  Por fim, a entidade faz aconselhamento com uma estratégia de “10 ETF temáticos e de equidade" Isto de forma a "proporcionar uma exposição de baixo custo aos mercados de ações”.

No Luxemburgo, estas estratégias configuram-se, portanto, em cinco fundos: Bright Stars SICAV SIF Vitalix-A, MH FUND S.C.A SICAV-SIF, MH FUND RV SICAV, FTS Vitalis Global Allocation UCIT e o FTS European Megatrends ESG.

Foco ESG

Este último produto enumerado dá o mote para aquela que é uma estratégia core da entidade atualmente. Abraham Hernandez explica que acreditam que “os fatores ESG são altamente relevantes no mundo atual, tanto para os investimentos como para o futuro”. Signatários dos PRI desde 2018, têm a convicção de que “as questões ESG podem afetar o desempenho das carteiras de investimento”. Assim, explica, qualquer empresa que passa pelos gestores de carteiras ou pelo comité de investimento, terá da parte da entidade “acompanhamento e análise destes fatores atempadamente”.

Nesse sentido, existem cinco fatores ESG que consideram relevantes quando investem numa empresa. Por um lado, os “fatores ambientais”, com a importância de tópicos como “as emissões diretas de CO2” ou “a gestão da terra e biodiversidade, desflorestação e sofrimento dos animais”. Seguem-se os fatores sociais. Aqui o presidente da entidade destaca “a taxa de rotatividade dos empregados”, a “segurança no trabalho”, ou o “plano de pensõe dos empregados”. Os fatores de governação empresarial são também tidos em conta. Dão atenção à "diversidade” ou temas como os “conflitos de interesse com auditores externos”.

Outra das questões que Abraham destaca é o papel como agente ativo na temática. Isto porque “incorporam as questões de ESG na análise de investimento e nos processos de tomada de decisão”, mas também procuram chegar a outras “frentes”, no papel de signatários dos PRI.  O presidente fala, por exemplo, de serem “proprietários ativos e incorporar as questões do ESG nas políticas de investimento”. Ou então na "promoção aceitação e implementação dos Princípios no âmbito da indústria de investimento”.

Portugal: hub para a Europa

Em território nacional a entidade conta com três pessoas, suportadas pelas 80 do México. Para além dos planos de constituição em Portugal da uma SGOIC, Abraham Hernandez conta outros planos em cima da mesa. “Estamos a estruturar um fundo de capital de risco juntamente com a FundBox”, adiantou. Isto com o objetivo de “proporcionar aos investidores internacionais o acesso ao programa Golden Visa através deste tipo de investimento”.

Para o profissional, “Portugal é uma excelente porta de entrada para o mercado Europeu”, e diz, a ideia de expansão no país é “é abranger não só o mercado de Portugal mas todo o mercado Europeu através da plataforma instalada na Europa”.

“Vemos Portugal como um mercado das pensões a se desenvolver e é sabido que existe um grande espaço para o crescimento, principalmente se compararmos com os outros países da Europa. Eventualmente, o Estado não conseguirá suportar sozinho uma carga tão grande e acarretará no desenvolvimento do mercado das pensões”, concluiu.