Pedro Santuy (BNP Paribas AM), Laure Peyranne (Invesco), Silvia Senra (BlackRock), César Muro (DWS), Nina Petrini (UBS), Domingo Barroso (Fidelity) e Lorena Martínez-Olivares (J. P. Morgan AM), debateram no ETF Index Minds da FundsPeople os motores de crescimento da indústria de ETF.
Deixamos para trás um ano recorde na gestão passiva devido à imbatibilidade do todo-poderoso S&P 500 face à gestão ativa. Na Europa, o volume de entradas líquidas foi de 278 biliões de dólares, dos quais 76,6% foram para ações e, destes, mais de um terço dirigiu-se para as ações americanas, segundo o ETFBook. Com este ponto de partida, quais serão os motores de crescimento da indústria?
Lançamos a pergunta no evento ETF Index Minds, organizado pela FundsPeople, com as principais gestoras deste mercado. Participaram Pedro Santuy, diretor de vendas de ETF e Indexados na BNP Paribas AM, Laure Peyranne, head of ETF Iberia, LatAm & US Offshore da Invesco, Silvia Senra, membro da equipa de gestoras de fundos da BlackRock na Península Ibérica, César Muro, head of Xtrackers Sales Iberia na DWS, Nina Petrini, responsável de ETF & Index Fund Sales na UBS para a Península Ibérica e América Latina, Domingo Barroso, responsável de ETF e Fundos Indexados para a Península Ibérica e América Latina da Fidelity International, e Lorena Martínez-Olivares, responsável de ETF para Espanha e Portugal da J. P. Morgan AM.
Ano recorde
Com os dados anteriormente mencionados, Nina Petrini, destaca o crescimento impressionante do mercado europeu de fundos indexados cotados, que classifica como “absolutamente brutal”. Este recorde justifica-se pelo bom desempenho das empresas americanas, pelo impulso do S&P 500 e pelo pico do mercado. Neste contexto, a UBS ETF posicionou-se em core equity, tanto global como regional, segmento que beneficiou do aumento da procura ao longo de 2024.
César Muro, enfatiza os níveis extraordinários da Europa, em particular da Alemanha, que registou o melhor ano da sua história, com quotas próximas de 15% dos fluxos. No entanto, reconhece que a Península Ibérica está a uma velocidade diferente, em parte devido à falta de crescimento dos fundos de fundos, embora veja sinais positivos com o aumento da presença dos ETF. Além disso, observa uma grande diversidade de segmentos à venda, tanto em obrigações como em ações, e destaca a surpresa positiva no canal de retalho, especialmente no private banking, onde se regista o maior crescimento.
2024 também foi um ano particularmente positivo para o negócio de ETF da J.P. Morgan AM na Europa. “Tivemos um ano recorde de entradas de capital”, explica Lorena Martínez-Olivares. A nível global, a gestora já ultrapassou os 200 mil milhões de dólares em ativos sob gestão e espera uma aceleração do crescimento, impulsionada por uma oferta cada vez mais segmentada, adaptada às necessidades dos clientes. Um exemplo disso são as estratégias equity premium income, que combinam carteiras long com overlay de derivados para gerar retornos mantendo a exposição a ações.
Laure Peyranne, reconhece que as ações americanas foram uma das classes de ativos que mais cresceram no último ano no asset allocation dos investidores. No entanto, refere que algumas equipas de gestão multiativos tiveram de reduzir a dimensão dos seus fundos porque as suas redes bancárias direcionaram-se para outros produtos, resultando em saídas defensivas em várias classes de ativos. No entanto, o mercado americano não sofreu tanto, o que permitiu à Invesco captar fortes fluxos para o S&P 500, tanto na versão dólar ou euro com cobertura de divisa ou na versão ESG.
Motores de crescimento
Na Fidelity International, distinguem-se três grandes blocos de crescimento: fundos indexados, ETF de gestão ativa e ativos digitais. Relativamente aos fundos indexados, verificou-se uma enorme aceleração na região ibérica devido a questões fiscais e à concentração dos índices, fatores que levaram muitos investidores a perder confiança na gestão ativa e a optar pela gestão passiva através da Gestão Discricionária de Carteiras, segundo Domingo Barroso, responsável de ETF e Fundos Indexados para a Península Ibérica e América Latina. Quanto à gestão ativa dentro dos ETF, a gestora está satisfeita com os resultados na Europa, onde se posiciona como a segunda maior gestora de ETF ativos, e vê uma crescente aceitação por parte dos clientes. Por fim, destaca-se o crescente interesse da indústria na integração de ativos digitais em carteiras como elemento diversificador, sobretudo no segmento de Wealth Management.
Com dados do terceiro trimestre, e para evidenciar o aumento da procura por produtos indexados, verifica-se que quase 80% (36 biliões de euros) dos ativos sob gestão da BlackRock na região ibérica são indexados, incluindo tanto ETF como fundos indexados. Segundo Silvia Senra, este segmento está a crescer fortemente nos últimos anos, impulsionado pela gestão discricionária de carteiras. “Este modelo de centralização está a ganhar cada vez mais força nas instituições financeiras”, afirma. A profissional concorda que na região a procura é impulsionada pela fiscalidade, enquanto no resto da Europa o crescimento se deve à eficiência das comissões.
Por sua vez, Pedro Santuy, destaca a gama sustentável como uma tendência dominante, referindo que 90% dos seus produtos têm um viés sustentável. “Vemos uma procura constante por parte dos clientes fiéis a esta abordagem, e é aqui que nos temos focado, especialmente nas green bonds.” Adicionalmente, reconhece que as obrigações continuam a ter baixa adesão no mercado de ETF, mas acredita que há um grande potencial de crescimento neste segmento.