No evento organizado pela FundsPeople, ETF Index Minds, em colaboração com o neobroker Trade Republic, os responsáveis por ETF de quatro gestoras internacionais – André Themudo (BlackRock), César Muro (DWS), Laure Peyranne (Invesco) e Nina Petrini (UBS) – colocaram várias questões a este operador.
A penetração dos bancos tradicionais atinge os 71%, enquanto os neobancos representam 29%, segundo os últimos dados disponíveis do relatório “A digitalização como eixo de transformação bancária”, elaborado pela Funcas e KPMG em 2022.
A presença destes novos atores é uma realidade imparável, cada vez mais direcionada ao público com menos de 35 anos, o seu principal alvo. No entanto, perfis de outras faixas etárias começam, pouco a pouco, a confiar nestes novos intervenientes, que se tornaram num marketplace para os fornecedores de produtos financeiros.
As gestoras independentes internacionais encontraram nestes neobrokers a porta de entrada para o cliente de retalho, um público que lhes tem escapado devido à ausência de uma rede comercial própria.
No evento organizado pela FundsPeople, ETF Index Minds, em colaboração com o neobroker Trade Republic, os responsáveis por ETF de quatro gestoras independentes estrangeiras – André Themudo (BlackRock), César Muro (DWS), Laure Peyranne (Invesco) e Nina Petrini (UBS) – colocaram várias questões a este operador, que veio para ficar.
Quais são os perfis-alvo?
No caso da Trade Republic, com oito milhões de clientes em toda a Europa em seis anos e 100 mil milhões de euros em ativos sob gestão, a plataforma não se limita apenas a serviços bancários, mas também a investimentos (ETF, ações, obrigações e criptomoedas). O seu público-alvo são jovens com poder de compra médio-baixo, que investem pequenas quantias (a partir de um euro num fundo indexado cotado).
Além disso, também se dirige a pessoas que pensavam que não podiam aceder a estes produtos – uma grande parte dos espanhóis e dos portugueses com contas em bancos tradicionais, que não recebiam juros nem tinham essa possibilidade, explica Antón Díez, country manager de Espanha e Portugal da Trade Republic.
Grande parte dos seus clientes ibéricos tem menos de 35 anos, e embora Díez reconheça que não haverá uma migração massiva da geração baby boomer, acredita que “um utilizador de banca digital nunca mais voltará à tradicional, a menos que se veja obrigado”.
Quais são as garantias de segurança?
A desconfiança dos novos players e no mundo digital é uma das maiores barreiras para as plataformas nativas digitais. Como podem garantir segurança aos utilizadores, especialmente aqueles mais habituados à banca tradicional, para que confiem as suas poupanças aos neobancos?
Díez explica que, como instituição financeira, a Trade Republic está obrigada a cumprir o quadro regulatório. Além disso, destaca que, “da mesma forma que usamos a tecnologia como ferramenta de inovação para aceder a produtos de investimento, usamos também para prevenir ataques”.
Entre as medidas de segurança adotadas, cita: verificação da conta na adesão, através do scan do documento de identidade; código de segurança para aceder à aplicação; transações apenas permitidas para contas do titular; alertas de uso não autorizado da conta ou do cartão, etc. “Há muitas medidas que permitem essa segurança e, a nível de ativos, há garantias adicionais, como fundos de garantia de depósitos, salvaguardas legais sobre valores mobiliários e segregação de ativos exigida pelo quadro legislativo na área da custódia”, explica o country manager para Portugal e Espanha da Trade Republic.
Na opinião de Díez, “a grande disrupção dos neobancos acontecerá quando começarem a conceder crédito, pois isso afastará ainda mais os clientes da banca tradicional”.
Já no caso dos neobrkers, acredita que a grande evolução virá da automação da consultoria e da gestão de ativos. Para os clientes que necessitam de acompanhamento na gestão dos seus investimentos, a solução passará por ferramentas de autogestão e educação financeira.