A implementação de uma visão de gestão no caminho da criação de valor

Rui Napoles_MontepioGA
Maximo Garcia

Foi em 1999 que Rui Nápoles tomou as rédeas do Montepio Taxa Fixa. São, portanto, quase 20 anos no comando de um fundo de obrigações que foi reconhecido este ano como o melhor fundo de obrigações nacional pela Morningstar. Em entrevista à Funds People, o profissional da Montepio Gestão de Activos descreve as razões e as características que proporcionaram ao fundo o galardão atribuído pela empresa de análise.

Se por um lado falamos de um fundo de obrigações com uma componente mínima de 50% em ativos de taxa fixa, por outro, é também uma estratégia que não se limita a qualquer sector, crédito ou geografia, tendo “como objetivo o investimento em ativos que apresentem um binómio risco e rentabilidade atrativo, não obstante, e especificamente em termos de geografia, o maior enfoque dado aos países da União Europeia”.

A estratégia da Montepio GA resulta então de um processo e de uma política que se desenvolve entre “os benefícios reconhecidos da diversificação, nomeadamente em termos de riscos específicos, e a necessidade de concentração”, como forma de concretizar as convicções estratégicas da equipa. Rui Nápoles esclarece: “A concentração nos ativos ou riscos, em menor ou maior grau,  é uma derivada necessária na implementação da nossa “visão de gestão” no caminho que pretendemos que é a criação de valor para os nossos subscritores”.

É um processo que, segundo o gestor, se baseia fundamentalmente em estratégias de médio e longo prazo, com um enfoque em procurar “perspetivar tendências de mercado suportadas por fatores determinantes e com um perfil temporal potencialmente alargado. Nesse sentido, e sem desvalorizar a necessária flexibilidade para encarar o dinamismo do mercado, a carteira, em termos de composição, tende a ser relativamente estável em função do perfil das convicções subjacentes à sua construção”.

A principal fonte de rentabilidade

Já no que se refere às grandes fontes de retorno no passado recente, o gestor destaca que “no atual contexto de taxas de juro baixas e com o objetivo de gerar valor, o fundo adotou uma estratégia com uma componente de risco de crédito relevante, nomeadamente através da exposição a dívida pública portuguesa, cuja evolução tem proporcionado, genericamente e no passado mais recente, retornos absolutos e relativos favoráveis”. O fundo beneficiou então da exposição a Portugal, “em função da respetiva evolução económico-financeira e da interpretação que o mercado fez da mesma, o que se consubstanciou numa redução do prémio de risco associado, em termos absolutos e relativos”, esclarece Rui Nápoles.

Instrumentos passivos para uma gestão ativa

Questionado sobre a utilidade e o uso de produtos de gestão passiva em carteira, Rui Nápoles é categórico ao afirmar que “uma prática prolongada de investimento que se coadune com um perfil passivo, ou seja, conceptualmente, sem pretender acrescentar valor a um índice de referência, não é enquadrável” com o que se propõem no Montepio Taxa Fixa. Mais além, o gestor destaca que o que os clientes esperam da estratégia é uma gestão ativa, o que implica “o desenvolvimento de uma visão, de uma estratégia e de políticas de investimento com o objetivo de gerar valor”.  Contudo, para Rui Nápoles, “tal não significa que, o conceito de investimento passivo, na acepção mais comum, não possa de alguma forma ser considerado e adotado, de forma direta ou indireta, em menor ou maior peso, por períodos de tempo mais ou menos prolongados, desde que seja o melhor caminho para os objetivos de uma gestão ativa”.