Chama-se RM Analytics e é a nova fintech portuguesa que promete simplificar e otimizar o fornecimento de dados ESG às gestoras de ativos. À FundsPeople, explicam os três vetores que os diferenciam da concorrência.
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Como muitas outras entidades que se lançam num negócio novo, a RM Analytics viu no mercado uma lacuna (ou várias) que se compromete a colmatar. Na lista da Portugal Fintech de 2021 aparece então a startup liderada por Tiago Freire de Andrade, o CEO, e Eduardo Rebelo, o CTO, cujo objetivo é simples: simplificar os dados ESG fornecidos aos gestores de ativos.
Em entrevista à FundsPeople, Tiago Freire Andrade começou por identificar isso mesmo. “O maior obstáculo encontrado no mercado é o acesso à informação tratada e imparcial, completamente ajustável às necessidades do gestor de ativos”, iniciou. Segundo o responsável da entidade, embora existam duas conhecidas soluções que servem as gestoras de ativos hoje em dia, estas deixam a desejar naquilo que entregam. “Assumem que o gestor de ativos tem uma equipa de data scientists a trabalhar a informação, ou que não são sofisticados o suficiente para mudarem as suas decisões de investimento perante o ESG das empresas”, explica Tiago.
Dada esta ineficiência, a RM Analytics pensou num serviço que possa servir o gestor de melhor forma. Assim, a proposta de valor da entidade baseia a sua diferenciação em três fatores: imparcialidade, quantidade e diversidade de dados e, por fim, a forma como apresentam esses mesmos dados.
As três valências
A imparcialidade que oferecem ao gestor de ativos começa pela eliminação de qualquer opinião relativamente ao ESG das empresas. “Tratamos os dados de maneira a que seja o gestor de ativos a decidir o que é bom ou mau para a empresa. Os principais concorrentes neste mercado têm a sua proposta de valor baseada na reputação e opinião deles, como a MSCI e a Sustainalytics que atribuem scores a cada empresa”, sustenta o CEO da fintech. Um argumento simples que o leva a refutar esse tipo de informação, é o facto desses provedores “discordarem uns dos outros, o que torna o processo de decisão de investimento muito confuso”.
Ao nível da quantidade e diversidade de dados, procuram eliminar ou, pelo menos, diminuir o greenwashing. “Os nossos concorrentes vão buscar as informações relacionadas com ESG aos relatórios de sustentabilidade das empresas e às notícias dos jornais mais respeitados. São exatamente nestas fontes de informação onde as empresas exploram o greenwashing”, comenta. Deste modo, a par destas mesmas informações, a RM Analytics compromete-se a recolher informação de fontes alternativas. “Estas podem ou não confirmar o que é dito nas fontes respeitadas”, salienta o CEO. A app Glassdoor, redes sociais, blogs financeiros ou o Reddit, são algumas das fontes utilizadas. Aí, diz Tiago Freire de Andrade, “estão informações que não aparecem nos relatórios de sustentabilidade”.
Finalmente, é na forma como apresentam os dados que também querem inovar. “Tencionamos não só dar dados quantitativos, mas também qualitativos, para ajudar o gestor de ativos a perceber o que se passa na empresa em termos de ESG, e facilitar a comparação entre empresas, ajudando assim no processo de decisão de investimento”, aponta. A concorrência, por outro lado, acaba na opinião do profissional por ter um grande foco nos dados quantitativos, fornecendo ou dados em bruto para ser tratados pelos gestores de ativos (Bloomberg e Refinitiv) ou em conclusões finais do tratamento de dados baseados em scores finais (MSCI e Sustainalytics)”.
Software As A Service
Os serviços que a entidade proporciona são dois e são Software As A Service. Por outras palavras, baseiam-se numa subscrição mensal. Por um lado, apresentam então uma plataforma multi-funções. O gestor pode consultar a situação de ESG de qualquer empresa cotada ou do seu portefólio, criando a sua própria lista de empresas, mas também estar a par das maiores tendências de mercado ESG. “Esta plataforma permite ao gestor de ativos gerir que dados são relevantes para ele e gerir os seus standards de ESG”, comenta Tiago Freire de Andrade.
Por outro lado, a entidade apresenta uma ferramenta com “as mesmas possibilidades”, mas que “pode ser integrada na plataforma de investimento que o gestor de ativos já utiliza”. A quantidade de dados utilizados é o que determina o preço a pagar pelo subscritor.
Dos gestores de ativos às consultoras
São dois os tipos de cliente que a entidade serve por agora: aquele que está a entrar nesta área ESG e procura mais eficiência e controlo do que investe, e o gestor de ativos mais sofisticado em ESG, e com “necessidade de controlo total dos investimentos”. Para este último cliente, “é importante saber o que os colaboradores acham da empresa, a perceção dos consumidores e todas as decisões a nível administrativo que possam influenciar os retornos a médio-longo prazo”, aponta o CEO da RM Analytics.
Neste momento, a Fintech trabalha com “bancos de investimento, gestores de ativos de pequena dimensão e até bancos comerciais, que procuram dar opções de investimento mais sustentáveis aos seus clientes”. Paralelamente, Tiago Freire de Andrade fala do trabalho que estão a fazer também com “consultoras que procuram dar soluções de ESG para empresas multinacionais”, e onde são “capazes de acrescentar muitos dados relevantes que complementam as soluções apresentadas”.