A transformação digital da distribuição de fundos de investimento está a reconfigurar o setor da gestão de ativos. À medida que a tecnologia continua a evoluir, a integração de IA, blockchain e dinheiro digital vão impulsionar ainda mais a inovação e o crescimento no setor.
O setor da gestão de ativos está a experienciar uma importante transformação impulsionada pelas tecnologias digitais. O passagem dos modelos tradicionais dirigidos pelos distribuidores para as compras diretas online revolucionou a distribuição de fundos de investimento.
As plataformas digitais permitem agora aos investidores abrirem contas, apresentarem documentos KYC e começarem a investir em poucos minutos através de um processo totalmente eletrónico. Isto melhorou significativamente a comodidade e reduziu os custos operacionais das gestoras.
Nas entrevistas a responsáveis de negócio de gestoras internacionais que a FundsPeople realiza, surge frequentemente o foco que muitas delas estão a dar à distribuição digital, especialmente dirigida a gerações de investidores mais jovens, que procuram simplicidade, prontidão e baixos custos.
Dos Robot-Advisors à tokenização
Segundo o artigo Robot-Advisors: A Portfolio Management Perspective de Jonathan Walter Lam apresentado na Yale College, os robot-advisors tornaram-se uma parte integral do panorama da distribuição digital, oferecendo recomendações baseadas em objetivos e o reequilíbrio automatizado de carteiras, utilizando ferramentas que analisam os perfis de risco individuais para oferecerem consultoria de investimento. Este modelo foi extremamente inovador há quase uma década, mas continua a evoluir.
Posteriormente, a tecnologia blockchain e a tokenização estão prestes a transformar a distribuição de fundos ao aumentar a transparência, a eficiência e a segurança, segundo aponta a Deloitte numa das suas publicações. A consultora destaca como as plataformas como a FundsDLT estão a abrir caminho através da integração da tecnologia DTL (distributed ledger technology) para criar modelos de distribuição de fundos mais eficientes e rentáveis.
Quanto à tokenização de ativos financeiros, segundo a Bain&Company, esta poderá revolucionar o acesso a ativos alternativos, que tradicionalmente se centrava nos investidores institucionais e que agora também se centra nos particulares de banca privada. Segundo o relatório, também poderá melhorar a liquidez e a garantia, automatizar as solicitações de capital e permitir a personalização de carteiras, desbloqueando ganhos potenciais de 400.000 milhões de dólares em receitas anuais para o setor de alternativos.
Mas a tokenização não é favorável apenas para os alternativos, mas também para fundos mútuos, como comentava Leonardo Fernández, responsável para a Península Ibérica da Schroders, projeto em que estão atualmente imersos.
Perspetiva para o futuro
Num mundo onde a IA irrompeu com força, as tecnologias emergentes, como os chatbots e os assistentes virtuais, desempenham um papel central. A Deloitte destaca que a análise avançada vai melhorar ainda mais a capacidade de antecipar as necessidades dos clientes e oferecer soluções à medida.
Simultaneamente, segundo o EIF Research and Market Analysis, a adoção do dinheiro e de moedas digitais por parte dos bancos centrais (Central Bank Digital Currencies) vem revolucionar as transações financeiras. Isto irá incluir os fundos de investimento, facilitando pagamentos e liquidações de forma mais rápida e segura e integrando ativos digitais.
Neste contexto de transformação tecnológica, as plataformas fintech continuam a atrair uma parte significativa dos novos investidores em fundos de investimento graças às suas experiências de utilizador fluidas e aos seus serviços digitais integrais. Assim, os distribuidores tradicionais de fundos de investimento veem-se obrigados a adotar a tecnologia e a inovar constantemente para se manterem competitivos neste panorama em constante evolução.