Eleger cuidadosamente os títulos, usar o ouro como cobertura e ter liquidez: ferramentas para ganhar mais perdendo menos, em contextos voláteis.
Para os responsáveis pela gestão do First Eagle Amundi International (atualmente Socgen International), os seus objetivos mais importantes continuam a ser evitar a deterioração do capital investido ao mesmo tempo que se preserva o seu poder aquisitivo. Num mundo cheio de incertezas em que prevalecem novas tendências, como o investimento indexado ou as operações algorítmicas, Robert Hackney, Senior Managing Director da First Eagle Investment Managers, acredita que o mais importante é selecionar bons valores e saber porque determinado título está em carteira.
Para o diretor da empresa pioneira na aplicação da filosofia valor a nível global, “o mundo está sempre num estado de incerteza – e isso é uma constante – por isso, a única forma de navegar neste mar é estar ancorado ao valor; é imperativo saber porque é que se possui determinado título em carteira”. Hackney assinala que “hoje em dia aproximadamente 70% das operações diárias carecem de conteúdo económico, seja porque há que seguir os movimentos dos índices ou os algoritmos de alta frequência, que só se regem pelo volume... o que aparece no ecrã do computador não tem porque ser um reflexo do valor intrínseco”. Na sua opinião, é a esse nível que entram os investidores realmente ativos cuja preocupação é encontrar esse valor intrínseco, para selecionar títulos com historial.
Para além das tendências já referidas, existem outros responsáveis pelo ruído que domina os mercados. “Com a expansão quantitativa, a política monetária da Fed deixou de ser uma referência para os preços; agora é algo artificial, para além de que também existem algumas taxas de câmbio importantes como o dólar/renminbi que estão a ser manipuladas, há muitos sinais que são falsos”, assinala Hackney.
Depois de tido em conta o contexto e as tendências, o importante é enfocar a gestão para limitar as perdas em períodos negativos, o que lhes permite ganhar vantagem no longo prazo. As ferramentas que utilizam são três: a seleção de valores, o ouro como cobertura e a liquidez.
“As ações que nos agradam são as de empresas que têm alcançado uma vantagem competitiva sustentável, através de uma posição dominante que lhes dê poder de fixação nos preços e lhes permita obter retornos sobre o capital acima da média”, explica Hackney. Exemplos destas caraterísticas em carteira são a Microsoft, a Oracle, Comcast ou a Intel.
Quanto ao ouro, declaram-se agnósticos relativamente ao preço porque é fundamentalmente usado para fazer cobertura. O que pretendem é que funcione como contrapeso das ações, ao refletir a possível deterioração da confiança. O seu peso em carteira é, no máximo, de 10%.
A terceira ferramenta passa por manter uma percentagem significativa da carteira alocada a liquidez para poder aproveitar as oportunidades. Para Robert Hackney, essa liquidez é o que lhe permite ter coragem quando chega a hora de investir depois das quedas dos mercados.