Anita Barczewski (AXA IM): Investir no créme de la créme

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architer, Flickr, Creative Commons

A estratégia que Anita Barczewski, head of insurance investment equity team da AXA IM trouxe recentemente ao mercado nacional conta com mais de 17 anos de track record. Primeiramente era implementada na gestão dos fundos próprios do grupo AXA, mas desde 2009 que ganhou forma em clientes terceiros. Falamos do AXA IM Euro Sélection, um produto que mantém as suas bases de formação, e centra baterias numa abordagem de longo prazo.

Anita Axa ImÉ por isso seu objetivo “criar valor no longo prazo”, e, na perspetiva da responsável  não há outra forma de “gerar e preservar capital” para os clientes que aí se predispõem a colocar dinheiro. Numa plateia com investidores, em Lisboa, Anita Barczewski explicou precisamente o racional de um produto que, em primeira análise, se resume ao investimento no que apelidam de “empresas destacadas”. “Investimos em empresas destacadas que distribuam, ano após ano, dividendos crescentes e sustentáveis; é o que chamamos de créme de la créme”, começou por dizer, acrescentando as restantes caraterísticas. Juntam-se a essa lista empresas que “favoreçam a apreciação de capital no longo prazo em vez de performances de curto prazo”. Esta é na perspetiva da responsável a “única forma de criar valor”. Por fim, o último critério passa pela minimização dos riscos de perda de capital. “A primeira forma de o fazermos é não expor o portefólio àquilo a que chamamos de riscos sistémicos. Tratam-se de riscos provenientes de factores macro, de políticas governamentais, riscos geopolíticos, etc”. A este nível acrescenta um dos pontos basilares do investimento: “Para nós a principal forma de evitar riscos sistemáticos é ficar fora do sector financeiro”. É isso que fazem desde 2007,  última vez em que a carteira incorporou uma dessas companhias.

Como gerir no horizonte de tempo longo?

As abordagens sectoriais ou geográficas também ficam de fora neste fundo. Neste portefólio é considerado o ambiente de mercado, e mais concretamente três tipos de desafios: os desafios do curto prazo (de hoje), os desafios estruturais e os desafios do amanhã.

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É nessa lógica que Anita Barczewski define que nos alicerces do “portefólio” estão os desafios estruturais... e é por estes que começam a construção do mesmo. Num segundo layer surgem os desafios para hoje. “Tratam-se de desafios que temos em consideração no curto prazo; por exemplo uma empresa que por esta altura esteja à procura de eficiência nos seus processos ou à procura de uma recuperação oportunística”, exemplifica. No terceiro nível ficam os desafios para amanhã, e prendem-se com a digitalização ou a transição energética.

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Depois de um final de 2018 atribulado, a especialista reiterou aos presentes que a ideia para 2019 é “proteger o portefólio”, e “não tomar riscos desnecessários”. Para isso, focam-se “em empresas de qualidade”, que é como quem diz “empresas com convicções fortes e uma gestão estável”. Para a responsável é essencial que as companhias que entram no portefólio “tenham modelos fáceis de explicar”, ou seja, “empresas  estilo Warren Buffett, com proteção do valor, e com um ROE fortemente maior do que o mercado”. Na balança entram também as caraterísticas financeiras: crescimento de receitas sustentável, margens de lucro superiores, etc.

Na abordagem à valuation, a profissional destaca que os critérios pelos quais se seguem mais é o EPS growth e o dividend yield. “A valorização de capital é altamente correlacionada com a capacidade das empresas gerarem crescimento lucrativo e visível de uma forma sustentável. Estamos convencidos de que os múltiplos de valuation são uma abordagem de curto prazo; o que interessa mais no longo prazo para a criação de valor é o crescimento dos lucros. Na realidade, este critério é a principal fonte tanto para a apreciação de capital, como para os fluxos de dividendos sustentáveis”.