Entrevista a Paulo Monteiro, da Invest Gestão de Activos, sobre o processo de selecção de fundos de terceiros, constituído por três fases - alocação de activos, análise quantitativa e, por fim, a análise qualitativa.
1. Que peso tem, no seu processo de selecção de fundos, a análise quantitativa face à análise qualitativa?
O processo de selecção de fundos processa-se em três principais fases: na primeira é definida a alocação de activos recomendada para as carteiras dos clientes, com base na análise da conjuntura macroeconómica e da evolução dos mercados; na segunda fase, para cada classe de activos, os fundos são ordenados de acordo com indicadores de 'performance', ponderada pelo risco, e comparados com os respectivos 'benchmarks'; e, por fim, os fundos seleccionados são confirmados através de alguns critérios qualitativos, tais como, o histórico e dimensão da respectiva sociedade gestora e qualidade da informação disponibilizada, entre outros. No conjunto deste processo, a segunda fase é puramente quantitativa e eliminatória, ou seja, apenas os fundos com os melhores indicadores quantitativos passam à terceira e última fase.
2. Uma vez escolhido o fundo, como faz a revisão dessa selecção, de forma pontual ou através de um processo regular e definido? Quais os critérios mais ponderados para deixar de recomendar um fundo?
Uma vez incluídos na lista de fundos recomendados, a monitorização é permanente. São considerados factores como o comportamento relativo, face ao respectivo 'benchmark' e a outros fundos da mesma classe de activos. A decisão de desinvestimento poderá ocorrer por várias situações, tais como a má performance, absoluta e relativa, e ponderada pelo risco; deterioração das perspectivas para a classe de activos e consequente alteração da alocação de activos; gestão do risco global da carteira; ou, alterações na equipa de gestão ou sociedade gestora, consideradas relevantes para a 'performance' futura do fundo.
3. Em 2008, muitos fundos tiveram problemas de liquidez, tendo sido mesmo encerrados. Perante essa experiência, alterou o seu processo de selecção ou passou a dar mais importância ao factor liquidez?
Sem dúvida. Apesar de por norma só serem recomendados fundos com liquidez diária, passou a ser dada uma especial atenção à liquidez dos activos constituintes dos próprios fundos.
4. Até que ponto um bom ou mau serviço de uma gestora afecta a selecção de fundos da mesma?
O nível de serviço é obviamente importante aquando da decisão de investimento. A rapidez de resposta, a qualidade da informação prestada e a disponibilidade para, por exemplo, sessões de formação e apresentações de produtos, são factores diferenciadores no processo de selecção.