O enfraquecimento do euro está na ordem do dia e pode ajudar algumas empresas no seu crescimento. A Funds People foi saber junto de gestores de ações portuguesas quais são essas empresas.
Olhar para a deflação e, consequentemente, enfraquecimento do euro é virar as atenções para as empresas exportadoras nacionais, especialmente para fora da União Europeia. Assim considera Nuno Marques, gestor do Banif Acções Portugal, quando refere à Funds People que as empresas que mais vão beneficiar do cenário enunciado são “as exportadoras para países fora da Zona Euro com a sua estrutura de custos na moeda europeia”.
Para Diogo Pimentel, gestor do Santander Acções Portugal, “os sectores com mais empresas onde o peso das exportações é mais relevante são Pasta e Papel, Petróleo, Construção e Retalho”.
Neste sentido, prevalece a pergunta... quais as empresas?
A resposta foi praticamente unânime: Altri, Portucel, EDP Renováveis e Galp Energia figuram na lista de empresas que melhor podem aproveitar este cenário.
Para Catarina Quaresma Ferreira, responsável pelo fundo BPI Portugal, a Altri pode ser uma das mais favorecidas porque a “maioria do negócio corresponde à venda de pasta denominada em dólares”. Paulo Monteiro, da Invest Gestão de Activos, sublinha este facto e acrescenta que “este sector será, provavelmente, aquele que mais pode beneficiar desta situação”.
A Altri é uma empresa produtora de pasta de papel que tem três fábricas em Portugal e que exporta mais de 90% da sua produção, sobretudo para a Europa mas também para a Ásia. A cotada tem, segundo dados consultados na Bloomberg a 24 de setembro, quase 500 milhões de euros em capitalização bolsista, divididos em mais de 200 milhões de ações. Nos últimos doze meses a cotada apresenta uma valorização bolsista na ordem dos 23%.
A segunda empresa portuguesa identificada pelos gestores de ações nacionais foi a Portucel. Esta empresa dedica-se ao fabrico e comercialização de papel no nosso país, sendo a sua capitalização no índice português de 2,3 mil milhões de euros. A sua rendibilidade no último ano situa-se nos 28%. No entender da gestora da BPI Gestão de Activos, o “benefício (para a Portucel do cenário de deflação) surgiria através da sua exposição ao negócio de pasta e à sua presença parcial na venda de papel nos EUA”.
Rumando ao sector da energia, a EDP Renováveis é a eleita. Sendo a terceira maior empresa a nível global de energia eólica em termos de capacidade instalada, o principal mercado do grupo é os EUA, tendo ainda presença em mais seis países - nomeadamente Portugal, Espanha ou Brasil. É precisamente a exposição ao mercado norte-americano que é salientado por Catarina Quaresma Ferreira, quando fala da EDP Renováveis e potencial que existe para a mesmo no atual momento. A capitalização bolsista da empresa ultrapassa os 4,7 mil milhões de euros e tem ganhos acima de 42% nos últimos doze meses.
Nuno Marques, da Banif Gestão de Activos, faz, ainda, uma quarta sugestão neste rol de empresas: a Galp Energia. Trata-se do único grupo integrado de produtos petrolíferos e gás natural em Portugal. A sua capitalização bolsista é das maiores no PSI-20 com mais de 10 mil milhões de euros e apresenta uma rendibilidade nos últimos doze meses de 9,3%.
Em jeito de conclusão, Diogo Pimentel, da Santander Asset Management, refere que é muito importante “ter em consideração quais são as moedas que se estão a valorizar face ao euro e que realmente vão beneficiar as empresas que desenvolvem aí as suas atividades”.