As surpresas positivas instalam-se nos EUA em plena campanha de resultados

Créditos: Raúl Nájera (Unsplash)

Em pouco mais de um mês o mercado passou de temer uma nova queda da economia, por conta das novas estirpes de COVID-19, para recear um crescimento muito robusto nos EUA. Com efeito, seria de esperar que o crescimento fosse acompanhado de uma inflação que reavivasse a possibilidade de um novo taper tantrum na primeira economia do mundo.

“Enquanto uma questão chave nos mercados financeiros no ano passado era se os bancos centrais podiam fazer o suficiente para apoiar a recuperação, algumas pessoas estão a começar a perguntar-se se a Fed está a fazer demasiado, dada a reabertura antecipada a meio do ano e a escala do estímulo fiscal que agora vem da nova administração americana”, apontam na Janus Henderson.

Esse crescimento superior ao esperado que tanto se teme agora nos EUA apoia-se na nova lufada de ar fresco (e estímulos) que trouxe consigo Joe Biden como novo presidente nos EUA, no bom ritmo de vacinação que leva o país e também nos bons números que estão a apresentar as empresas americanas.

Os melhores resultados desde 2008?

De facto, segundo calculam na FactSet, 74% das empresas do S&P500 apresentaram os seus resultados correspondentes ao último trimestre de 2020 e desses 74%, 80% comunicaram lucros por ação superiores às estimativas. “Se 80% é a percentagem final do trimestre, representará a terceira percentagem mais alta de empresas do S&P500 que dão a conhecer uma surpresa positiva no BPA desde que a FactSet começou a seguir esta métrica em 2008”, afirmam na consultora.

A grande dúvida é saber se esta melhoria dos lucros já estava ou não prevista pelo mercado. Na AXA IM consideram que não, pelo menos no seu conjunto. “Apesar de as médias não dizerem muito, o PE do S&P500 baseado nos resultados dos últimos 12 meses manteve-se notoriamente estável entre as 22 e 23 vezes durante os últimos seis meses. As estimativas de lucros a 12 meses aumentaram 11,6% durante esse período”, afirmam.

Além disso, a boa campanha de resultados não é o único que justifica que os índices de Wall Street continuam a acumular mais rentabilidade do que os europeus este ano. Também a apoiam outros dados económicos como recordam na Edmond de Rothchild. “Os dados económicos também serviram de apoio. O gasto na construção alcançou níveis não vistos desde 2002 e o PMI de janeiro da IHS Market superou as expectativas. A criação de novos postos de trabalho no mês foi 174.000, acima dos 50.000 esperado, e os números de dezembro foram revistos a menos de 78.000 desde menos 123.000”, afirmam na gestora.