Tal como aconteceu após a crise das dotcom e a grande crise financeira de 2008, depois de uma situação de grande dificuldade, surgem oportunidades promissoras, especialmente no setor tecnológico, que se encontra no auge graças à revolução da IA.
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Em apenas três anos, o venture capital passou de uma grande estratégia dentro dos mercados privados para uma estratégia esquecida após o colapso de Sillicon Valley há pouco mais de um ano. No entanto, na Arcano Partners, consideram que já se pode dizer que este tipo de capital privado, se ainda não chegou ao terreno, está próximo de fazê-lo.
Após um cenário pessimista no segmento do venture capital, agora já se observam sinais de recuperação. Um desses sinais é o otimismo renovado no setor tecnológico. Tal como aconteceu após a crise das dotcom e a grande crise financeira de 2008, depois de uma situação de grande dificuldade, surgem oportunidades promissoras, especialmente no setor tecnológico, que se encontra no auge graças à revolução da IA.
As apostas de investimento em empresas relacionadas com a IA subiram nos mercados privados. “Viemos de níveis muito baixos, e houve um ligeiro aumento. A maioria das empresas de IA ainda estão a plantar a semente”, explica Francisco Navas, managing director no setor de Venture Capital da Arcano Partners. Segundo o diretor, 83% das empresas de IA ainda estão a começar. “Ou ainda não levantaram capital, ou mantêm-se na fase inicial, mas há um grande potencial de retorno no setor”, acrescenta.
Embora a IA venha a ser uma tecnologia que deverá gerar um grande impacto, Francisco Navas alertou que não serão necessariamente as empresas de IA as de maior sucesso. “Existe um exagero relativamente ao que está a acontecer com a IA atualmente. As empresas de software e do setor da saúde também são muito interessantes, além das focadas no consumidor, como foi o WhatsApp na sua altura”, comenta o especialista.
Neste sentido, o especialista reconhece que o melhor contexto para investir atualmente são os EUA, visto que estão a captar a maior parte dos investimentos. “O que foi investido nos EUA é mais do dobro de tudo o que foi investido no resto do mundo: um total de 9,3 biliões face a 3,8 biliões”, argumenta. Não obstante, também assinala que o contexto na Europa é de esperança graças à grande concentração de talento especializado e ao crescimento do venture capital, “mais barato e com maior capacidade de retorno do que noutras zonas geográficas”.
O fim da estabilidade: um contexto otimista para investir
Outro dos sinais de recuperação do setor observa-se nas valorizações. As valorizações no setor de venture capital registaram um crescimento descontrolado entre 2018 e 2021, mas agora apresentam a possibilidade de entrar num contexto de investimento otimista, mas cauteloso. “Se olharmos para o que aconteceu noutras crises financeiras, foram necessárias correções que duraram entre três a nove trimestres para ser possível observar-se uma recuperação. Agora que nos encontramos no nono trimestre, e depois do que aconteceu em ocasiões semelhantes, aproxima-se uma etapa de arranque”, explica o especialista.
Para compreender o comportamento dos mercados privados, Francisco Navas sugere que é importante observar primeiro as tendências que os mercados públicos seguem. “Indicadores como o NASQAD, o S&P 500 e o IPO ETF proporcionam uma visão clara da situação atual”, comenta. “A COVID gerou uma volatilidade significativa nos mercados financeiros, com correções desde novembro de 2021. No entanto, o mercado conseguiu estabilizar-se desde julho de 2022 e apresenta sinais de recuperação desde novembro de 2023”, acrescenta.
Neste sentido, o comportamento das Sete Magníficas perante a chegada da IA é um reflexo do que poderá acontecer no futuro dos mercados privados. “As grandes tecnológicas beneficiaram da IA devido aos centros de dados da Google, Amazon e Microsoft. A capacidade de continuar a vender é muito eficiente”, apontou o especialista. Apesar deste auge, Navas expõe que “é preciso ser cauteloso, visto que depois de um pico de expetativas exageradas pode surgir um abismo de desilusão”.
Uma maior liquidez que devolve as esperanças ao setor
Outro sinal que aponta para uma recuperação no venture capital é o excesso de liquidez que existe no mercado. “Estamos em níveis recorde de liquidez, é o momento ideal para começar a investir”, explica o especialista. Os fundos de venture capital atingiram níveis muito elevados de liquidez, e isto, segundo expõem os especialistas, já começa a influenciar novas rondas de financiamento para 2024, refletindo assim um contexto otimista. “Em 2023 foi acumulada uma liquidez de 703 mil milhões de dólares em venture capital”, argumenta Francisco Navas.