Entre outros, a entidade reguladora fala das dificuldades acrescidas à gestão de liquidez desses fundos como resultado do resgate de unidade de participação, bem como da perda de valor que pode resultar da avaliação de imóveis em carteira.
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No contexto do relatório, produzido com os números de setembro, a entidade reguladora dos mercados dava conta de uma “diminuição do montante global gerido por este tipo de fundos em 2019 prolongou-se nos primeiros 9 meses de 2020”, muito embora dados mais recentes mostrem que o ano foi positivo para este segmento de mercado, especialmente para os fundos abertos que cresceram mais de 277 milhões de euros.
No que concerne os riscos para o mercado, a entidade reguladora fala das dificuldades acrescidas à gestão de liquidez desses fundos como resultado do resgate de unidade de participação, bem como da perda de valor que pode resultar da avaliação de imóveis em carteira.
“Nas avaliações de imóveis realizadas em 2020, os imóveis afetos a turismo e a indústria sofreram perdas médias de valor. Trata-se da materialização, na esfera dos fundos de investimento imobiliário, dos efeitos do aumento de risco em resultado da forte redução da atividade turística em Portugal desde o início do ano e também da atividade industrial durante os segundo (principalmente) e terceiro trimestres de 2020”, destacam da CMVM.
Por seu turno, nos imóveis afetos a habitação dão conta de um aumento médio das respetivas avaliações, enquanto nos afetos a comércio, serviços e logística o valor médio das avaliações se manteve. “Todavia, deve notar-se que, numa proporção relevante, os relatórios de avaliação revelam uma generalizada falta de qualidade (que se expressa, por exemplo, no uso de expressões pouco concretas e de cálculos não especificados, que não permitem a sua validação) e o uso de uma grande disparidade de pressupostos no âmbito do mesmo setor, o que aumenta o risco de o valor atribuído a tais imóveis poder não corresponder ao respetivo valor de mercado e ainda de o valor da avaliação poder ser bastante diferente em avaliações subsequentes”, alertam do regulador.
Um outro aspeto destacado está associado às moratórias concedidas. “Apesar de até ao momento não haver evidência de incumprimentos significativos por inquilinos relativamente às rendas que ficaram atrasadas, este aumento de risco pode vir a influenciar o setor na medida em que o eventual aumento de incumprimentos não só reduz as receitas dos fundos como também poderá ter impacto no valor dos imóveis. Nos primeiros 9 meses de 2020 a taxa de ocupação dos imóveis aumentou 0,5% face ao mesmo período de 2019. Os principais setores que contribuíram para este crescimento foram a indústria (8%), a logística (2,3%) e os serviços (0,9%), contrastando com as diminuições verificadas nas taxas de ocupação dos imóveis dos setores turístico (3,5%), habitação e outros (2% cada)”.
“Eventuais impactos da pandemia são ainda pouco relevantes, mas persistem os riscos associados a uma recuperação da atividade económica mais lenta do que o inicialmente esperado, nomeadamente no setor do turismo, o que poderá causar impactos de maior relevo na gestão de fundos de investimento imobiliário”, concluem da CMVM.