Funds People entrevista a gestora do fundo, Catarina Quaresma Ferreira.
1.Qual é o processo e universo de investimento?
O universo de investimento do fundo BPI Portugal são as acções emitidas por sociedades cuja lei pessoal é portuguesa ou acções admitidas à negociação em mercados regulamentados portugueses. O processo de investimento pretende aproveitar da melhor forma o facto da gestão do fundo estar próxima do universo de investimento.
2.Como escolhem as empresas nos quais pretendem investir e qual a abordagem feita?
A obtenção de informação sobre as empresas portuguesas, nas quais pretendemos investir, assenta: na utilização de uma rede de contactos de corretores locais e na manutenção de um contacto muito próximo com os próprios gestores das empresas. Após obtenção de informação, a gestão do fundo procede à sua análise interna, tendo sempre como objectivo a descoberta de valor ainda não percepcionado pela visão de consensus. Deste modo, o fundo tem uma abordagem mais orientada para bottom-up.
3.Qual é o património e composição da carteira do fundo?
A 31.08.2012 o património do fundo BPI Portugal era de 17.883.168,36 euros. Na composição da carteira, segundo dados disponíveis na CMVM, as cinco posições mais relevantes eram Zon Multimédia (9,98%), Portugal Telecom (9,95%), Galp Energia (9,75%), Sonaecom (9,37%) e EDP Renováveis (4,97%). A exposição total a acções era de 82,35% em relação ao valor líquido global do fundo.
4. Qual é a rotação da carteira?
Em 2011, a rotação da carteira foi de 216%.
5.Quais são as vossas expectativas de rendibilidade para os próximos doze meses?
A expectativa para os próximos 12 meses é que ainda será um período difícil, já que subsistem incertezas no cenário económico. O programa de ajustamento em curso decerto continuará a colocar forte pressão sobre a economia portuguesa. O rumo que a Europa irá seguir será factor crucial no desempenho dos próximos 12 meses.
6.Quais podem ser as vantagens deste fundo em relação aos da concorrência e simultaneamente os pontos considerados mais fortes para este prémio?
O Prémio Morningstar distingue os fundos que apresentaram as melhores rentabilidades ajustadas ao risco nos últimos 1, 3 e 5 anos. Deste modo, o fundo BPI Portugal foi premiado porque obteve bons resultados no último ano, mas também porque conseguiu mostrar um bom comportamento a longo prazo em função do risco assumido. Assim sendo, o prémio obtido parece comprovar a consistência dos resultados, assente numa gestão criteriosa.
7.Qual é a sua visão do sector financeiro nacional? Tem exposição a bancos? De que tipo?
O sector deverá continuar a enfrentar dificuldades. O processo de desalavancagem irá prosseguir, num ambiente macroeconómico muito difícil. O sector continuará portanto muito condicionado pela evolução da actividade económica. Note-se, porém, que o fundo tem uma exposição de apenas 5,18% ao sector bancário.
8.Qual acredita ser o futuro da zona euro e que papel julga ter o BCE?
Acreditamos que a crise da dívida soberana constitui uma oportunidade para prosseguir uma reforma profunda da União Monetária, que já está a acontecer, e que irá torná-la mais estável e mais forte. O BCE deverá continuar a ter, como tem tido nos últimos meses, um papel crucial para a estabilização dos sistemas financeiros, apesar dos condicionalismos que lhe são impostos pelo Tratado da União Europeia.
9.Qual foi a influência para o fundo das baixas de rating progressivas a Portugal?
Perante a evolução da crise em Portugal, o fundo adoptou uma postura mais conservadora procurando minimizar os efeitos negativos decorrentes das baixas de rating progressivas. Deste modo, a escolha recaiu em empresas com endividamento baixo, modelos de negócios sólidos e/ou exposição a mercados internacionais. O fundo optou por deter uma posição inferior no sector bancário e reforçada em empresas como EDP e Sonaecom.