O CEO da filial da Natixis IM aclara a exposição dos seus fundos a ativos ilíquidos. A gestora acumula neste trimestre reembolsos no valor de 600 milhões de euros.
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Já aconteceu o mesmo com o caso GAM e mais recentemente com o caso Woodford. Cada vez surgem mais dúvidas sobre a liquidez de um fundo de investimento e aumenta o nervosismo por parte dos investidores. As dúvidas sobre a H20 AM estão a ser sentidas de momento na cotação da Natixis. Na passada quinta-feira os seus títulos chegaram a cair 12% marcando níveis mínimos que não era vistos há três anos e hoje esse colapso manteve-se já que o banco francês continuou a ceder mais de 5% na bolsa. Não obstante, atualmente desconhece-se se essas vendas na bolsa serão acompanhadas também de importantes reembolsos. A este respeito, no Financial Times, afirmam que só este trimestre foram realizados resgates nos fundos da H20 no valor de 600 milhões de euros.
Desconhece-se, porém, que parte desta quantia aconteceu depois do escândalo vir a público ainda que fontes próximas da entidade refiram que não aconteceram reembolsos significativos além dos resgates que se realizaram como consequência da realização de mais valias após os bons resultados no passado pela H20. Ao fim e ao cabo, o seu fundo H20 Allegro, que é sobre o qual surgiu a polémica, conta com pouco mais de 2.000 milhões de euros em ativos sob gestão, e este ano acumula uma rentabilidade superior a 10%, segundo os dados da Bloomberg. Mas o que se torna espetacular é o comportamento que teve nos últimos um, três e cinco anos, já que foram anotadas rentabilidades anualizadas de 22%, 27% e 19%.
As dúvidas sobre a solvência e o potencial conflito de interesse da H20 surgiram há pouco tempo. Na quarta-feira passada, o Financial Times publicou uma notícia afirmando que um dos fundos, o H20 Allegro, poderá estar investido em obrigações ligadas ao financeiro Lars Windhorts que o diário classifica como “empresário com um histórico de problemas legais” que poderão gerar uma certa controvérsia. Mas o casus belli aconteceu quando, apenas umas horas depois de conhecer a notícia, a Morningstar decidiu colocar o rating de Bronze que o fundo outorgava sob revisão “devido às dúvidas que há sobre a idoneidade e a liquidez da parte da carteira investida em dívida corporativa”, afirma a analista Mara Drobescu.
Na nota da Morningstar também se levanta a possibilidade de que nesse investimento incorra um conflito de interesses já que recordam que Bruno Crastes, o CEO da H20 AM, uma das filiais da Natixis IM, foi recentemente nomeado membro do comité de assessores da Tennor Holding, uma das empresas nas quais Lars Windhorts tomou várias posições.
Apenas horas depois do relatório da Morningstar se tornar conhecido, a H20 AM tratava de tranquilizar os seus investidores com um conciso comunicado. “Para que fique completamente claro, a nossa exposição a ativos ilíquidos está limitada entre 5 e 10% em cada um dos nossos fundos pelo que a liquidez não é um motivo de preocupação. Temos uma liquidez significativa e continuamos comprometidos com os nossos investidores no momento de lhes dar informação atualizada e transparente de todas as nossas posições”, afirmava. E este conciso comunicado transformou-se noutro muito mais extenso no qual, além de detalhar as posições concretas que têm os seus fundos nesses ativos ilíquidos (4,3%, 9,7% e 8,3% nos fundos H20 Adagio, H20 Allegro e H20 Multibonds, respetivamente) comunica também a sua demissão da empresa envolvida na polémica: a Tennor Holdings.
Também a Natixis IM lançou uma mensagem de tranquilidade aos clientes. “Foi publicada uma informação na imprensa sobre alguns investimentos da H20 AM, uma das filiais da Natixis Investment Managers. Esta informação, que tinha sido transparentemente exposta pela H20, representou a suspensão do rating de um dos fundos da H20 por parte da Morningstar, que considera poder haver um risco de conflito de interesse, que é infundado. Estes elementos não têm nenhum tipo de impacto nem na liquidez, nem no comportamento dos fundos da H20”, afirmam num breve comunicado. Além disso, a gestora defende que “não há nenhum tipo de problemas de liquidez para os clientes, que a posição nos ativos do que fala o diário é residual e que o investment case da H20 é claro”.