A crise que gerou a pandemia do coronavírus e, sobretudo, a incerteza que gera ao não se saber como vai afetar a economia mundial nem sobretudo, durante quanto tempo, provoca dia após dia notícias que nenhum cidadão ou investidor quer ler. Esses cidadãos, que além disso são também investidores, enfrentaram no último mês quedas nas ações que superaram na maior parte dos casos os 30% fazendo com que perdessem vários meses destas mais-valias que tinham conseguido gerar no ano passado.
Além disso, esse revés não só aconteceu entre os investidores agressivos, mas também afetou as carteiras dos investidores mais conservadores ao terem sido acompanhados de quedas de ações com as registadas nas obrigações. E se a isto se une o facto de que também não funcionaram, pelo menos não como no passado, ativos historicamente considerados como refúgio como o ouro, o resultado é que está a ser muito complicado se não impossível manter rentabilidades positivas no conjunto do ano.
Esta elevada correlação entre ativos que historicamente estiveram descorrelacionados está a complicar muito o trabalho dos gestores dos fundos alternativos que à medida que avança a crise vão ficando com cada vez menos opções com as quais equilibrar as suas carteiras e cumprir com o seu objetivo de gerar uma rentabilidade estável e positiva para os seus investidores independentemente das condições de mercados. A FundsPeople questionou os gestores de três fundos alternativos com Selo FundsPeople 2020 sobre como estão a gerir as suas carteiras nestes tempos incertos e isto foi o que disseram:
O gestor deste fundo que conta com Selo FundsPeople em 2020 pela sua classificação de Favorito dos Analistas e Blockbuster, Klaus Kaldemorgen, classifica como “desafiante” o atual contexto de mercado, ainda que insista que a crise, a do coronavírus incluída, há que ser vista como fenómeno temporário. Defende que assim que passar o temporal, o mercado voltará a fixar-se nos fundamentais das empresas que se mostrem “irracionalmente baratas”.
Até que aconteça esse regresso à normalidade, este gestor, cujo fundo gere mais de 11.000 milhões de euros, optou por o dotar de uma maior liquidez à espera que passe o temporal. “Vendemos a nossa carteira de obrigações do governo norte-americano de longa duração e assegurámos liquidez suficiente. Isto significa que, no momento, pelo menos não estou numa posição incómoda”, afirma, num claro estado de wait and see. De facto, considera que as obrigações governamentais a longo prazo deixaram de ser seguras perante o aumento dos défices que vão causar aos governos as fortes medidas de liquidez que se estão a implementar”. Os refúgios seguros são atualmente o dinheiro e obrigações do governo de curta duração da melhor qualidade”, afirma.
Candriam Bonds Credit Opportunities
O mercado de crédito foi um dos mais castigados nesta correção de mercado que aconteceu devido à expansão descontrolada do coronavírus, à medida que crescem as estimativas de taxas de incumprimento das empresas e as dúvidas sobre a solvência que podem apresentar num contexto de recessão como a que enfrentamos. Este fundo da Candriam, que conta com Selo FundsPeople 2020 com dupla classificação (Favorito dos Analistas e Blockbuster) investe precisamente em dívida corporativa ainda que com um estilo long/short (por isso é incluído no grupo de alternativos) e segundo explica o seu gestor, nestas últimas semanas, com um carácter mais defensivo do que no passado.
De facto, venderam algumas posições que tinham o sector têxtil, de alimentos e de bebidas ao mesmo tempo que aumentaram a exposição a sectores de telecomunicações ou streaming. Isso na parte longa, mas são mais os movimentos que realizaram a curto. “Duplicámos a nossa exposição curta no índice Euro High Yield (até -11,50%). Aumentámos a nossa exposição curta no índice de leveraged loans nos Estados Unidos até -10%. Mantemos uma exposição curta ao crédito através de HY Derivatives (ITraxx Xover) de -4%. Também mantemos uma exposição curta ao crédito através de IG (Itraxx Main) de -5%. Mantemo-nos curtos nos sectores de automóveis, hotelaria, comércio e aço num total de -5%”, afirma o seu gestor Phillipe Noyard.
Eleva UCITS Fund – Fonds Eleva Absolute Return Europe
Este fundo da Eleva ostenta o Selo FundsPeople 2020 pela tripla classificação (Favorito dos Analistas, Blockbuster e Consistente). Trata-se de um fundo de retorno absoluto que combina as posições longas e curtas com o objetivo de obter a máxima rentabilidade para os seus participantes e sobretudo minimizar ao máximo as perdas que estão a deixar um mercado com alta volatilidade como o atual. “Começámos a aumentar cuidadosamente a exposição líquida, cobrindo algumas posições curtas bem sucedidas e acrescentando taticamente alguns nomes. Não somos muito ativos nos ABS de fusões e aquisições de um modo geral, mas as condições excecionais da semana passada ofereceram algumas oportunidades atrativas de ajuste ao risco a longo prazo”, afirma Eric Bendahan, CEO da Eleva Capital.