Segunda um inquérito realizado por Cerulli Associates, os selectores têm em conta diferentes critérios na hora de seleccionar um fundo. Em Portugal destaca-se a análise qualitativa da gestão.
O recente estudo realizado pela Cerulli Associates a 154 selectores de fundos, revelou que, na Europa, os cinco critérios que estes mais utilizam na hora de eleger os produtos são a rendibilidade do fundo, o acesso aos gestores, o processo de 'due dilligence', as comissões e o tamanho do fundo. Dentro da Europa, não obstante, há diferenças; por exemplo no Reino Unido e em Espanha valoriza-se a consistência nos resultados e os controlos de risco, enquanto em França a marca e estabilidade do grupo gestor são fundamentais. Portugal surge numa combinação dos anteriores valorizando a equipa gestora em conjunto com a relação retorno/risco.
Andreea Surdu e Vasco Jesus, da BPI Gestão de Activos, salientam a “competência e coerência do 'portfolio manager', a análise comportamental do mesmo e a análise qualitativa da sociedade gestora“ como três dos cinco principais critérios na selecção de fundos. A experiência e estabilidade da equipa de gestão são critérios, igualmente, referidos pela 'wealth management unit' do Millennium BCP e Rui Broega, director da gestão de activos do BiG. Cristina Brízido reitera o mesmo referindo que, na Caixagest, a estrutura global da sociedade gestora e a competência, experiência e dimensão da equipa de gestão” são importantes na hora de seleccionar um fundo de investimento.
No Santander Asset Management é analisado todo o processo interno do grupo, de acordo com João Luz, do gabinete de gestão de activos do 'private'. “Existe um processo inicial em que se analisa os activos sob gestão, exigindo um mínimo de 100 milhões de euros ou equivalente, liquidez diária, antiguidade mínima de um ano e existência de documentação necessária para elaboração de um 'rating' do fundo e da gestora. Após este passo, são efectuados testes quantitativos e reuniões com a casa gestora, gestor do fundo sendo, no final, atribuído um 'rating' quantitativo e outro qualitativo que, devidamente ponderados, nos levam a uma classificação interna entre uma a cinco chamas.”
A questão da liquidez é, também, apontada por Rui Broega, do BiG, que acrescenta o formato do produto como importante, dado preferirem o veículo UCITS. A dimensão do fundo é um critério enumerado, pela equipa do Millennium assim como do Santander AM.
“A análise quantitativa, consistência dos resultados com o processo de investimento em vigor” é referida por Andreea Surdu e Vasco Jesus, da BPI GA e partilhada por Cristina Brízido, que define a “lógica, sistematização e transparência do processo”, como importante na hora de seleccionar um fundo, e a 'wealth management unit' do Millennium, identifica como critério “um processo economicamente fundamentado”.
Susana Vicente, da ESAF, também no âmbito do processo de investimento, afirma que “o grande primeiro critério tem a ver com o objectivo da selecção" e a "perspectiva para o contexto de mercado. Por exemplo, querendo aumentar a exposição ao mercado accionista europeu, podemos ter a perspectiva que o mercado como um todo poderá até não ter grande rentabilidade futura, mas que deverá haver bastante dispersão entre empresas. Desta forma, procuraremos fundos cuja politica de gestão é mais 'bottom up', o que estará reflectido numa menor correlação com os índices de referência, e um 'tracking error' maior. Se acreditarmos que estamos num 'bull market', e que não haverá muita diferenciação na 'performance' entre as empresas, procuraremos fundos mais 'benchmark'”.
A relação retorno/risco é, assim, um critério comummente analisado pelas gestoras; seja na avaliação da consistência da 'performance' ajustada ao risco, referem da 'wealth management unit' do Millennium BCP, na própria estruturação do processo de gestão de risco, diz Cristina Brízido ou, segundo Rui Broega, através de medidas específicas para avaliação da 'performance' ajustada à volatilidade. As gestoras têm em conta períodos de tempo relativamente diferentes (em média 3 anos), na análise dos diferentes rácios ('sharpe', desvio padrão, 'information') de forma a obterem um 'track record' consistente com o pretendido.