David Polak (Capital Group): “O mais importante para investir é permanecer investido muito tempo”

David Polak, Capital Group
David Polak, Capital Group. Créditos: Cedida (Capital Group)

São poucos os fundos de investimento que contam com uma trajetória próxima dos 50 anos. Um deles é o Capital Group New Perspective, um produto que conta com um percurso de 47 anos e cuja versão luxemburguesa em formato UCITS cumpriu recentemente cinco anos, superando a barreira dos 10.000 milhões de dólares em ativos sob gestão.

O comportamento que teve neste quinquénio no qual aconteceram eventos históricos (taxas a 0%, vitória de Trump nos EUA, guerra comercial ou a pandemia, por exemplo) foi brilhante. Ultrapassa em 4,9 pontos percentuais o seu índice de referência desde que o fundo foi criado e só nos últimos doze meses duplicou a sua rentabilidade, marcando um aumento de mais de 33%. David Polak, diretor de investimentos na Capital Group explica à FundsPeople a chave do sucesso deste produto que, além disso, conta com Selo FundsPeople pela sua classificação de Favorito dos Analistas e Blockbuster.

Onde estão as oportunidades

“O ponto-chave foi termos conseguido fazer um bom stock picking de valores e evitar os maus”, afirma. Entre esses valores a evitar estão os bancos e as petrolíferas enquanto do lado dos bons há muitas empresas tecnológicas clássicas como a Amazon e a Facebook e também do setor da medtech ou biotecnologias. Mas há uma que chama mais à atenção. Trata-se da Tesla, a posição com mais peso na carteira apesar da recente realização de mais-valias que levaram a cabo na empresa. “Entrámos na Tesla em 2016 e mantivemo-la em carteira até quanto o mercado falava de bancarrota. Tem a tecnologia adequada para esse movimento que se está a produzir do físico para o digital que a COVID-19 acelerou”, afirma Polak.

Uma mudança que disparou as valorizações de muitas empresas tecnológicas após o rebentar da pandemia, o que obriga a uma análise mais exaustiva antes de incluir uma empresa em carteira, principalmente tendo em conta o carácter global da carteira. “Vemos que empresas têm já no seu preço todo o seu carácter inovador e quais não”, afirma Polak, que agora vê grandes oportunidades em empresas de setores de tecnologia médica, semicondutores sobretudo na Europa e empresas de comida ao domicílio.

Integração ESG

Além disso, nessa análise têm sempre em conta esses fatores ESG que tanto boom tiveram em plena pandemia e adaptar esses requisitos ESG que exigem às diferentes tipologias de empresas nas quais investem. “Para manter uma empresa tanto tempo em carteira como nós mantemos, é preciso entender muitas mais coisas além dos seus lucros e a dimensão ESG é uma delas. É preciso ver como se está a adaptar a estas variáveis, já que isso é o que não negoceia ainda na sua valorização”, assegura.

Ao fim e ao cabo, este fundo apresenta um carácter de buy and hold como demonstra o facto de que metade das empresas permanecem na carteira durante um período não inferir aos cinco anos. Por isso, o turnover da carteira média é apenas de 25%.

Esse carácter de longo prazo é algo que entendem na perfeição os participantes do fundo como demonstra o facto de que até nos piores momentos de mercados que viram em 2020, os fluxos se mantiveram constantes. De facto, só no terceiro trimestre de 2020, o fundo registou entradas brutas de capital de 1.360 milhões. “Somos muito aborrecidos e as pessoas que entram nestas estratégias sabem que somos de longo prazo e que o mais importante de investir é permanecer investido muito tempo. Há muito poucos que sabem fazer o market timing”, afirma.