Diogo Costa (BiG): “Estamos a ter um início de ano muito dinâmico com entradas todos os meses”

fundos de investimento pensoes gestao de ativos etf
Diogo Costa. Créditos: Vitor Duarte

“No BiG sempre nos preocupámos em dar aos investidores alternativas válidas para diferentes ciclos e contextos de mercado”. Assim introduz Diogo Costa, diretor de Clientes Institucionais, numa conversa com a FundsPeople com a aproximação do quarto aniversário do BiG Diversified Macro Fund. “Esta estratégia alternativa, lançada no âmbito da tesouraria do banco, tem o objetivo de descorrelacionar a parte de exposição do risco de portefólios ativos tradicionais. Insere-se no nosso conceito de arquitetura aberta e veio trazer um grande valor acrescentado e diversificação à nossa gestão de portefólios”, diz. 

Em termos de performance, Diogo Costa aponta para a “significativa consistência a longo prazo, com o especial mérito de ter uma volatilidade contida e uma melhor performance em períodos de queda de mercado, consistente com o seu objetivo de descorrelacionar carteiras”. 

Mais de três anos cumpridos de historial consolidam aquela que era já uma performance alinhada com a proposta de valor dos gestores e com o historial da estratégia na carteira proprietária do banco. Com este marco cumprido, o fundo entra agora no radar de muitos investidores. Os 53 milhões de euros em ativos sob gestão, conferem também uma dimensão que começa a quebrar algumas barreiras. “Estamos a ter um início de ano muito dinâmico com entradas todos os meses. Registámos também o fundo para distribuição em Espanha, Reino Unido, Irlanda e Suíça. Em Espanha contamos já com um esforço comercial interessante por meio da nossa equipa BiG. Nos restantes países, estamos a assinar um acordo com um placement agent internacional focado na distribuição de fundos alternativos”, explica Diogo Costa. 

A evolução da abordagem

No que se refere aos detalhes mais técnicos do fundo, que a FundsPeople descrevia por altura do lançamento, Ricardo Seabra, CFA, comenta que nada se alterou, fundamentalmente, nos quase quatro anos de vida do fundo. “Mantemos os nossos filtros de correlação mínima, o secret sauce da nossa assimetria de risco e retorno”, diz. Contudo, salienta, “dentro dos pilares que compõem a estratégia do fundo vão-se afinando e apurando as abordagens de gestão do risco, para a tornar ainda mais eficiente”. 

Ricardo Seabra e André Veloso

André Veloso, co-gestor do fundo, conta que se “tem desenvolvido a componente quantitativa, que se tem tornado cada vez mais forte e com uma sensibilidade mais tática ao que se passa no mundo”. Mas também a abordagem aos stop-losses e stop-profits foi afinada. “Se antes tínhamos uma abordagem mais binária perante as decisões que tomávamos a cada semana, neste momento, aplicamos stops mais graduais, se os preços se encontram próximos do nosso target em cada leitura. Fizemos o back testing e provou ser uma abordagem mais eficiente no encerramento de posições”, explica. 

As origens do retorno

Questionados sobre o comportamento do fundo no último triénio e como esse comportamento reflete a abordagem de gestão, Ricardo Seabra relembra que na última ficha mensal de 2019 já começavam a antecipar que estavam reunidas “as condições para um bull market secular em commoditties. Algo que seria muito favorável para a nossa estratégia do lado trend follower”, diz. A verdade é que, comenta, que o COVID pausou esse movimento, mas rapidamente se materializou. Desde então, o core da nossa performance advém dessa realidade secular no mercado das commodities. Primeiro do lado das agrícolas e, gradualmente, começámos a ver uma passagem de testemunho no segmento das energias. 

Já em 2022, André Veloso destaca o dólar e as taxas de juro como os grandes impulsionadores de performance. Destaca também o comportamento do fundo no mês de abril, por ser “o melhor mês de sempre em formato fundo”. “Desde o princípio deste ano, obviamente, o movimento marcante tem sido este inverter de marcha da política monetária ultra expansiva que temos visto nas últimas décadas. Este movimento tem provocado movimentos muito fortes no mercado de taxa e tem sido, a par com o movimento secular das commodites, um driver muito importante da nossa performance este ano”, descreve. 

O que está para vir

Para Ricardo Seabra, estes drivers de valor começam a esgotar-se e outros tomarão as rédeas. “Já começamos a notar uma retração, tanto em termos fiscais como em termos monetários, com esta questão da inflação a afetar o rendimento disponível do consumidor, especialmente nos países desenvolvidos. Começamos a achar que podemos estar próximos do pico da inflação e já começamos a ter umas apostas táticas no sentido oposto às que tivemos”.  

Ricardo Seabra vê esta oportunidade, principalmente, do outro lado do Atlântico, onde a política monetária já percorreu algum caminho de reversão. “Focamos especialmente, no segmento dos dois anos norte-americanos que pode sair muito favorecido caso tenhamos um slowdown na segunda metade do ano, e pelo risco de uma recessão técnica”, conclui.