Eduardo Monteiro (BPI GA): “Estima-se que esta revolução se encontre numa fase similar à da internet nos anos 90”

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Cedida

Recentemente a BPI Gestão de Ativos divulgou uma nova estratégia através do fundo BPI Technology Revolution, domiciliado no Luxemburgo que surge pela reconversão do BPI America. 

A FundsPeople foi descobrir as motivações que levaram a esta inovadora mudança de estratégia e os métodos por detrás da política de investimento deste novo fundo tecnológico, que tem a sua “morada” na maior praça de fundos europeia. Eduardo Nuno Monteiro, gestor do fundo e responsável de gestão de carteiras na BPI GA, introduz a principal razão que levou a entidade a mudar a política de investimento no momento atual. “O mundo está a assistir a uma revolução tecnológica, a qual já foi apelidada pelo FMI como uma verdadeira 4ª revolução industrial. Estima-se que esta revolução se encontre numa fase similar à da internet nos anos 90, o que permite antecipar o longo percurso de boom da evolução tecnológica que ainda poderemos ter pela frente.”

Segundo Eduardo Monteiro, tudo começou quando há alguns anos começaram “a investigar a melhor forma de participar na tendência que parecia imparável, das novas tecnologias, nomeadamente Cloud Computing, Robotics, Artificial Intelligence, 3D Printing, IoT, Healthcare Disruptors e ESG Disruptors”. “Não conseguimos identificar nenhum produto que agregasse todas estas tendências muito voltadas para, pensava-se na altura, nichos. Adicionalmente, pensamos que uma carteira de ETFs sobre cada um destes temas poderia não ser a melhor forma de tirar partido desta tendência, porque atribuíam maior peso às empresas com maior capitalização bolsista, o que seguramente não é a melhor forma de identificar os winners entre as empresas, e dentro dos sub-temas”, explica.

Critérios de seleção

Devido à enorme velocidade de inovação que se vive atualmente, apenas algumas empresas irão sobreviver e adaptar-se a esta 4ª revolução tecnológica. A equipa responsável pela gestão do produto sabe disso, e foi nesse sentido que criou “um algoritmo baseado nas vendas e no crescimento das vendas das empresas deste universo”, através do qual verificaram que, no passado, “apresentou excelentes resultados”. Este algoritmo, explica o gestor, é acompanhado de um due diligence ao portefólio, nomeadamente ao nível das variáveis mais importantes da base de dados: “o crescimento orgânico das vendas, a intensidade de investimento para gerar essas vendas e da análise dos relatórios ESG das empresas, com uma atenção particular às controvérsias contabilísticas”.

Composição da carteira

Mantendo o universo centrado nas ações cotadas na maior economia do mundo, naturalmente que o foco deste fundo será o setor tecnológico com um peso de cerca de 50%. No entanto, o fundo, tem uma alocação relevante em setores como serviços de comunicação (24%), cuidados de saúde (9%) e consumo discricionário (9%). O gestor comenta que “este peso é dinâmico e depende da fase de crescimento das empresas dos subtemas associados, sendo expectável que, no futuro, o setor industrial, através da robótica, aumente significativamente o seu peso.”

Nesta entrevista à FundsPeople, Eduardo Monteiro também considerou interessante destacar duas empresas que constituem o portefólio. São elas a Zoom Comunications, cuja inclusão resulta “do forte crescimento de vendas que a empresa regista desde 2017” e a empresa Beyond Meat, “que através da sua tecnologia revolucionária permite criar hambúrgueres e salsichas a partir de proteína vegetal”. Esta empresa, prevê o profissional, deverá apresentar um crescimento de vendas em 2020 de 60%, depois de ter aumentado as vendas de 2019 em quase 240%. 

Critérios ESG no processo de investimento

A sustentabilidade e os critérios ESG não podiam ficar alheios à conversa numa entidade gestora que se alinha com os Príncipios de Investimento Responsável das Nações Unidas. O responsável do produto inclui no universo de empresas aquelas que são inovadoras em termos de sustentabilidade do planeta. Eduardo Monteiro refere que no processo de due diligence que fazem ao portefólio, analisam os critérios ESG com base em softwares exclusivos de análise destes fatores “tratando-se de empresas com baixa exposição a riscos ambientais e sociais, e até mesmo um forte impacto positivo nestes campos, focando muito a atenção nos temas de governance”, enfatiza.

É com base nesta estratégia de seleção das empresas que a BPI Gestão de Ativos está a perspetivar uma boa receção por parte dos investidores nacionais e internacionais a este produto. Eduardo Monteiro justifica essas boas previsões como sendo “uma resposta a uma lacuna que persiste no mercado, permitindo tirar partido da atual revolução tecnológica num só veículo, e sem enviesamentos de capitalização bolsista.”