Eleições EUA: Porque há que esperar uma maior volatilidade no mercado de divisas?

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Images_of_Money, Flickr, Creative Commons

As fortes quedas vistas nos mercados de valores nos últimos dias obedecem a três grandes incógnitas: como afetará o aumento dos casos de COVID-19 que se está a ver nos últimos dias essa recuperação económica em forma de V que o mercado espera, os resultados algo dececionantes que se estão a ver nalgumas das empresas com forte peso dos índices e, mais a curto prazo, as eleições que se celebram nos EUA esta semana.

Tudo isto não só está a fazer com que muitos investidores realizem mais-valias - como demonstram os números vermelhos que se estão a ver em muitos índices - mas também provocou um novo aumento no VIX. Ao fim e ao cabo, estas eleições acontecem num contexto muito diferente daqueles que se viram noutros atos eleitorais.

“Acreditamos que a importância destas eleições é grande por acontecer no meio da pandemia, pelo contexto de taxas negativas que leva os investidores a terem um maior apetite por risco procurando ativos rentáveis e disparando a volatilidade a curto prazo, porque os candidatos apresentam uma marcada divergência na política fiscal e comercial, e isso tem muitas implicações para os mercados, mas também porque não se descarta a ideia de que os resultados tardarão a conhecer-se, pois vêm por correio”, diz Olivia Álvarez, analista da Monex Europe.

Esta casa especializada no mercado de divisas quis incidir numa recente apresentação de como o mercado de divisas enfrenta este novo ato eleitoral e a conclusão é clara: essa volatilidade que se espera nos ativos tradicionais para os próximos dias terá também a sua réplica no mercado de divisas. Na verdade, tal como se observa no gráfico abaixo, assim aconteceu nas anteriores eleições nos EUA nos 40 dias posteriores às eleições, sendo os câmbios euro-dólar aqueles que mais se movimentaram neste período.

 

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“Agora as posições longas do euro mostram um grande otimismo relativamente à moeda comunitária, mas apesar de termos perspetivas de subida para o euro no médio prazo, não há que pensar que não existirão alterações no curto prazo devido a diferentes eventos que ainda não estão a ser descontados”, afirma Álvarez.

É que por esta altura o movimento do dólar está fortemente condicionado por quem será o próximo inquilino na Casa Branca e sobretudo se o resultado deixa uma “onda azul” nos EUA, com a vitória democrata no Congresso e no Senado ou um congresso dividido, já que se isso depende de se agilizar mais ou menos a aprovação de novos estímulos nos EUA que tanto o mercado procura; isto porque este é um dos pontos chave para que Wall Street possa continuar a negociar em alta e o dólar em baixa. Ao fim e ao cabo, tal como explicavam recentemente da Diaphanum, “um maior pacote de estímulos poderá ativar a recuperação, debilitando o dólar e gerando uma maior inclinação da curva de dívida americana pelas maiores necessidades de financiamento e pelo impulso da atividade económica”.

Neste momento, e à espera do cenário trazido pelas eleições nos EUA, o que é certo é que o aumento de casos de COVID-19 visto  na Europa e a crescente preocupação sobre como as novas medidas que se estão a adotar em vários países da zona euro afetarão a recuperação económica, provocaram um impasse no rally que o euro acumula em 2020 já que na última semana a moeda única desvalorizou  cerca de 1,26% até níveis de 1,17 dólares por euro, o que situa em 4,27% a apreciação do euro face ao dólar desde o início de 2020.