Finlayer: “Somos uma ferramenta end-to-end. Uma vez que o advisor a usa não tem de sair dela”

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João Távora (Finlayer). Créditos Cedida

Foi no verão passado que o mercado ibérico assistiu ao nascimento de uma nova fintech. Desta vez uma plataforma SaaS, totalmente comprometida em melhorar a experiência do mundo do aconselhamento, numa primeira fase em terreno ibérico.

A Finlayer nasceu de uma experiência profissional passada de João Távora, o atual CEO da entidade. O português, durante uma experiência de trabalho noutra plataforma em Espanha, percebeu algo muito evidente. “As EAFI (o equivalente às Sociedades de Consultoria para Investimento em Portugal) trabalhavam exatamente da mesma forma que há 30 anos”, introduziu. João Távora recorda que “estavam tecnologicamente mal servidas”, fazendo ainda um grande uso do excel ou de plataformas dispersas. “Achei que estas entidades deviam ter melhores ferramentas para trabalhar”, recorda. 

Apesar das muitas plataformas que via no mercado, o atual responsável da Finlayer assistia a uma grande dispersão de informação nesses sistemas. “Existem por um lado as plataformas bancárias, que são uma espécie de homebanking, mas isso fazia com que o advisor tivesse de ter tantos acessos quanto bancos os seus clientes tiverem; por outro lado, as outras plataformas tecnológicas existentes têm setups muito longos, com foco em funcionalidades especificas e, portanto, não oferecem uma cobertura end-to-end do workflow diário do advisor”, relata.

Estava, portanto, entendida a necessidade do mercado. A Finlayer nasce assim como uma plataforma que “permite aos advisors reduzir de forma substancial a alocação do seu tempo a tarefas sem valor acrescentado, aumentando assim a sua eficiência”. “É como uma ferramenta de apoio que digitaliza e automatiza o workflow diário dos advisors”, resume João Távora.

Fees ajustados à estrutura

A vantagem face à concorrência é clara: “Queremos contrariar a tendência de customização”, afirma o CEO. Nesse sentido, a customização é mínima numa fase inicial de uso da plataforma. Com o intuito de ser um produto chave na mão, “o advisory paga um fee pelo serviço, e que tipicamente é ajustado à estrutura de custos de forma a não ser muito penalizador”. Existe, portanto, um objetivo de democratização, pois todos os advisors – maiores ou menores – podem ter acesso à tecnologia. “Antigamente para ser rentável o advisor tinha de gerir carteiras de 200 mil euros. Usando uma plataforma como a Finlayer consegue, por certo, gerir 80 clientes em vez de 50. O impacto que isso tem na rentabilidade é grande. Em vez de olharem apenas para clientes com maior património, podem “atacar” clientes de 100 mil euros, por exemplo”, descreve.

Enquanto os concorrentes se focam em funcionalidades específicas, de forma individual, (reporting ou onboarding, por exemplo), a Finlayer configura-se de forma diferente. “O que a Finlayer quer ser é uma ferramenta end-to-end, em que uma vez que o advisor a começa a usar não tem de sair dela para executar outras tarefas. Está dentro de uma single source of truth, e o advisor pode confiar nela”, explica o fundador.

Três blocos de trabalho

Sistematizando, são três os blocos de trabalho em que a Finlayer assenta e onde, diz João Távora, se diferenciam:

1º Bloco - onboarding: aqui a Finlayer oferece funcionalidades como a agregação bancária;

“A plataforma permite ao investidor agregar a informação de todos os seus bancos e, desta forma, o advisor vê a informação de toda a situação patrimonial do cliente independentemente do banco”, diz. “Nesta fase o advisor introduz os dados do cliente e convida-o a agregar as suas contas bancárias. O advisor tem uma visão completa do património do cliente: ativos financeiros ou não financeiros”, explica João Távora. 

2º Bloco – Proposta /Execução: feito o onboarding e depois de o cliente ter agregado o seu património, o consultor tem de rebalancear esse património, ou se quiser criar uma carteira do zero.

“Aqui o advisor pode propor a compra de um fundo, a venda de uma ação, etc. É garantido que o cliente tem o portefólio em linha com o seu nível de risco. Uma vez que o advisor esteja satisfeito com a proposta que fez pode enviá-la para o investidor, e este pode assiná-la digitalmente”, conta o CEO.  Esta funcionalidade, diz, não é desenvolvida pela entidade, mas sim integrada. “Temos vários parceiros deste género”, acrescenta.

“O advisor executa a proposta no banco em que o investidor tiver conta e os respectivos activos, enviando a ordem de execução. No entanto, temos um parceiro de execução, que permite que a ordem seja encaminhada para o mesmo de forma automática, caso seja esse o banco (ou um dos bancos) em que o investidor tem conta.”, refere.

3.º Bloco – Reporting: este último bloco pode ser abordado de duas formas:

Reporting ao investidor – rápido de obter e tailor made. “O próprio advisor pode escolher que informação incluir ou excluir desse reporting”, avança o profissional.

Reporting ao regulador – não é feito pelo advisor em si, mas sim por parte do compliance da entidade quando é necessário. “Todos os eventos, mesmo que realizados fora da plataforma podem ser acrescentados à mesma. O mesmo acontece com a atualização de documentos, por exemplo. É permitido ao advisor fazer ou acrescentar essa informação”, exemplifica.

Desejo de expansão

O desejo da entidade é chegar nos próximos três anos a mais quatro países europeus. Nesta fase, ainda a fazerem o soft launch da plataforma na Península Ibérica, o foco são os agentes independentes de bancos que oferecem serviço de advisory. A ambição é chegarem a entidades bancárias, embora esse não seja o foco para já.

João Távora acredita que são competitivos no mercado, também ao nível do preço. “A ideia é cobrar um valor pela estrutura base da plataforma, e depois, consoante as funcionalidades, contratadas esse preço varia. É um preçário ajustado às necessidades de cada player”, menciona.  Não querem, de todo, que o cliente pague por aquilo que não usa. Por isso, a solução core é algo “simples” mas no “bom sentido”,precisamente para evitar custo de aprendizagem elevados, como faz questão de frisar João Távora. “É algo que permite que o advisor consiga tirar partido das funcionalidades da plataforma quase a 100%”, aponta.

A visão da Finlayer para o futuro é, contudo, mais alargada. “Queremos criar uma one stop shop à volta do nosso produto core. Ou seja, desenvolver uma espécie de App store que nos permita vender serviços à volta do produto base. Seriam exemplos disso parceiros ao nível do research, risk profiling, etc. O que queremos assegurar é que o advisor está sempre a trabalhar dentro do mesmo ambiente recorrendo às funcionalidades que lhe sejam mais úteis”, concluiu João Távora.