Coinvestimentos: o que são e o porquê do seu crescimento

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Créditos: Cytonn Photography (Unsplash)

O coinvestimento é uma operação em que um limited partner (investidor externo ou coinvestidor que traz o capital para os investimentos privados) investe numa empresa juntamente com um general partner (profissional do investimento responsável pela gestão do fundo). Segundo a Cambridge Associates, a atividade total de coinvestimento de private equity atingiu, em 2022, os 50.000 milhões de dólares. A que se deve este comportamento e por que se fala tanto dos coinvestimentos?

O aumento do custo da dívida e a redução da disponibilidade geral de financiamento através da mesma está a provocar uma maior necessidade de financiamento através de capital próprio, o que se reflete na maior procura de capital de coinvestimentos.

Isto está a levar os sócios gerais a procurarem uma forma de preservar o capital sem investir, e utilizar capital para coinvestimentos em algumas transações pode ser uma solução atrativa. Por exemplo, este contexto de mercado está a impulsionar, em particular, os investimentos conjuntos em sociedades “a meio do seu ciclo de vida”. De facto, segundo os dados da Neuberger Berman, o fluxo de operações de coinvestimento em sociedades a meio do seu ciclo de vida aumentou quase 60% entre 2021 e 2022 e mais de 80% no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado.

O que significa um investimento “a meio do seu ciclo de vida”?

Jacquelyn Wang, diretora-geral da NB Alternatives, explica que é um investimento direto numa sociedade que já é propriedade de um fundo de capital privado. Estes investimentos ocorrem, por vezes, muitos anos depois de ter sido realizado o investimento original, e é uma forma de os general partners gerarem liquidez para os limited partners, permitindo ao general partner manter a propriedade maioritária e o controlo dos ativos de valor, bem como manter as suas estruturas de capital de dívida existentes (mais atrativas).

Os general partners também costumam procurar o coinvestimento em sociedades a meio do seu ciclo de vida para passarem à ofensiva, procurando uma aquisição ou uma entrada num novo mercado num momento em que é difícil de conseguir financiamento através de dívida, o que gera grandes oportunidades para os investidores mais experientes.

Tal como explica Carlos Gazulla, sócio de Private Equity da AltamarCAM Partners, “os coinvestimentos têm crescido progressivamente nos últimos anos e vão continuar a fazê-lo no futuro, porque é benéfico tanto para as gestoras, como para os seus investidores”, assinala.

Segundo Carlos Gazulla, “para as gestoras, é uma forma de otimizar a dimensão dos seus investimentos, assegurando uma diversificação adequada da carteira e a disponibilidade de capacidade adicional caso o investimento assim o requeira”. Desta forma, é uma estratégia que fortalece as relações a longo prazo com os seus investidores, forjando uma relação que os ajudará nos seus novos processos de levantamento de fundos.

Carlos Gazulla enumera as principais razões para os general partners oferecerem coinvestimentos:

  • Melhorar a gestão de risco de concentração do fundo;
  • A capacidade de adquirir ativos maiores;
  • Fortalecer o compromisso futuro com o limited partner.

Para os investidores, a principal vantagem é que as oportunidades de coinvestimento costumam ter comissões mais baixas do que os fundos, pelo que “é uma forma de aumentar a exposição a determinados gestores, geografias e setores de uma forma eficiente (sem comissões ou com comissões reduzidas) e mais rápida, sendo um bom complemento aos investimentos em fundos primários”, explica. Além disso, assinala que estas oferecem rentabilidades semelhantes às dos fundos primários, mas com uma maior diversificação e períodos de investimento e duração mais curtos.

Segundo a Cambridge Associates, outra vantagem a ter em conta para os limited partners é que o coinvestimento permite compreender melhor o processo de abastecimento e de due diligence do general partner, criando ou reforçando a relação entre ambos.

Um inquérito realizado pela Preqin em 2021 assinalava que 80% dos limited partners tinham conseguido melhores resultados ao investir em coinvestimentos do que em estruturas mais tradicionais.

Coinvestimentos: adequados para todos os tipos de investidores?

As operações de coinvestimento costumam ser restritas a grandes limited partners institucionais. Não são uma estrutura adequada para todos os tipos de investidores, visto que significa entrar num processo que requer muito tempo e bastantes recursos.

Na Preqin, assinalam também a importância de ler as letras pequenas antes de se aceitar um acordo de coinvestimento devido à falta de transparência que existe no momento de comunicar os custos aplicados pelos general partners, isto apesar do facto de um dos pontos positivos mencionados neste tipo de investimento serem as reduzidas ou nulas comissões.