Um dos elementos-chave para um desenvolvimento consistente do investimento em mercados privados é a formação. A extensão do conhecimento das dinâmicas destes ativos tem um caráter transversal na cadeia de investimento. O investidor final, com mais acesso aos mercados alternativos, tem de estar familiarizado com as suas caraterísticas para poder assumir adequadamente as suas vantagens e os seus inconvenientes. Mas o investidor profissional também tem de se manter atualizado numa indústria imersa num processo de inovação e transformação a nível de estrutura, veículos em que investir, novos segmentos e estratégias de investimento, etc.
A CAIA é a associação de referência na formação e acreditação de conhecimentos em ativos alternativos. “A CAIA desempenha um papel fundamental na indústria dos mercados privados, especialmente neste momento de reviravolta na história dos investimentos alternativos. O nosso trabalho nunca foi tão relevante”, explica Laura Merlini, diretora-geral da CAIA para a EMEA desde março de 2012.
Recentemente, publicaram um relatório sob o título Crossing the Threshold: Mapping a Journey Towards Alternative Investments in Wealth Management. Este documento visa servir como guia para os profissionais da gestão de ativos e patrimónios, “orientando-os para o que chamamos segunda fase de democratização dos investimentos alternativos”, explica Laura Merlini.
Mudanças na indústria
Laura Merlini acrescenta que, historicamente, o impulso para fazer com que os investimentos alternativos fossem mais acessíveis começou na década de 2010. Nessa altura, produtos como os alternativos líquidos levaram estratégias dos hedge funds em formato UCITS a um público mais amplo, embora os resultados tenham sido mistos devido às limitações regulamentares que restringiam as ações dos gestores.
“É fascinante observar como o panorama está a mudar rapidamente. Os investidores individuais estão a ganhar cada vez mais protagonismo e terreno face aos institucionais. Basta ter em conta que, atualmente, o seu capital representa quase metade do património líquido mundial. Estes investidores estão a optar por investimentos menos atrativos, mais orientadas para o longo prazo e com melhores retornos ajustados ao risco. As suas decisões estão a ter um impacto significativo”, afirma.
A diretora-geral defende que a educação e a profissionalização que promovem na CAIA são fundamentais para garantir que estes investidores, juntamente com os profissionais que os aconselham, possam tomar decisões informadas e estratégicas neste contexto tão dinâmico.
CAIA Iberia Chapter
Laura Merlini tem tido um compromisso ativo na associação desde a obtenção da sua certificação CAIA Chapter em 2007. Um exemplo disso tem sido o seu papel como cofundadora do CAIA Iberia Chapter em Madrid em 2008; delegação que, no passado mês de junho, celebrou a segunda edição do CAIA Iberia Day cuja agenda girou fundamentalmente em torno dos mercados privados.
Neste âmbito, lançaram módulos específicos para reforçar a formação dos profissionais da indústria. “Além das nossas acreditações estabelecidas e reconhecidas internacionalmente, como a prestigiosa Certificação CAIA™, contamos com iniciativas como a plataforma UniFi by CAIA que inclui o programa Fundamentals of Alternative Investments Certificate (15 horas distribuídas por oito módulos) e microcredenciais em áreas como ativos digitais, dívida privada e património imobiliário”, explica.
“Continuamos a avançar com a nossa missão de equipar os profissionais com o conhecimento e as ferramentas necessárias para tomar decisões informadas. Estas soluções são muito valorizadas pela banca privada, que enfrenta crescentes dificuldades para formar profissionais em investimentos alternativos, que são cada vez mais híbridas e sofisticadas. Além disso, continuamos a ampliar a oferta com novos módulos que serão lançados no outono”, acrescenta.
Necessidades de formação
No mundo dos investimentos alternativos, em que os mercados privados desempenham um papel cada vez mais importante, na CAIA, identificaram algumas necessidades-chave em termos de formação para os profissionais. Para Laura Merlini, quer estejam à procura de investir mais em alternativos, quer tenham a delicada tarefa de aconselhar clientes que o fazem, é fundamental ter em conta três aspetos essenciais:
- Manter uma visão estratégica e de longo prazo. “Os investimentos alternativos não se adaptam a uma visão de curto prazo. Estas estratégias costumam levar anos a demonstrar plenamente o seu valor numa carteira. A paciência é fundamental”, aponta.
- Priorizar o valor em detrimento das etiquetas dos produtos. “Na gestão de patrimónios, o nome de um produto é menos importante do que o seu verdadeiro valor e propósito, especialmente à medida que as estratégias subjacentes se tornam mais heterogéneas”, explica.
- Adotar uma cultura alternativa. Para Laura Merlini, os investidores institucionais de sucesso costumam investir grande parte das suas carteiras em investimentos alternativos. “Embora nem todos consigam replicar exatamente o seu modelo de gestão, é fundamental compreender e integrar estes investimentos cuidadosamente. Não se deve subestimar a importância das considerações operacionais, de due diligence e culturais ao implementar estas estratégias”, acrescenta.
Uma formação integral em investimentos alternativos é essencial. Conhecer as dinâmicas destes ativos é uma condição sine qua non para o crescimento destes mercados. “Na CAIA, estamos comprometidos com a expansão e adoção da nossa oferta educativa para satisfazer as necessidades do mercado e acompanhar esta nova fase de democratização dos ativos alternativos, promovendo a educação e a transparência e priorizando o investidor”, afirma Laura Merlini.