Classificado como cinco estrelas pela Morningstar, o NB Obrigações Europa liderou o seu segmento no ano passado. Vasco Teles, gestor do fundo, antecipa alguns aspectos da sua gestão em 2016.
2015 não foi propriamente um ano ‘fácil’ para os fundos de obrigações. Ainda assim conseguiram registar uma rendibilidade média de 0,12%, de acordo com os dados publicados pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios – APFIPP. No entanto, apesar da rendibilidade média fixar-se perto de zero, alguns fundos conseguiram destacar-se no ano transacto.
A liderança coube ao NB Obrigações Europa que está sob alçada de Vasco Teles, da GNB Gestão de Ativos. No ano passado atingiu uma rendibilidade de 4,41% tendo fechado o último dia do ano passado com um património de cerca de 26,5 milhões de euros. Destaque ainda para o facto de ser considerado um produto cinco estrelas para a Morningstar, conservando este ‘rating’ consecutivamente em todos os meses de 2015.. Para o responsável do produto, “genericamente, a aposta em ultra-longo prazo periférico, especificamente de Portugal, Itália e Espanha, cujo comportamento nos primeiros três meses do ano superou as expectativas mais optimistas” e foi um dos factores que mais contribuiu para a sua rendibilidade no ano passado. “No seu conjunto, os activos da zona dos 30 anos destes países foram responsáveis por uma contribuição positiva de cerca de 10% no ano, sendo que coberturas, comissões de gestão e custos fiscais tiveram um efeito contrário significativo”, destacou Vasco Teles.
Intervenção do BCE: nova página aberta para as obrigações
Os anos anteriores a 2015 foram períodos em que as obrigações se destacaram devido às suas rendibilidades. Esta foi uma das grandes diferenças relativamente ao ano passado. Sobre este tema, o profissional refere que a “intervenção do BCE, competindo por activos em mercado aberto, abriu uma nova página na história do mercado obrigacionista na zona euro. A antecipação dos factores técnicos em 2015 ganhou ainda mais preponderância sobre a interpretação fundamental, quer macroeconómica, quer de risco de crédito.”
Já para este ano que agora se inicia, Vasco Teles destaca que os “aspectos técnicos continuam a ser os mais relevantes. O banco central estará a comprar por mais 15 meses, no mínimo. Por outro lado, a rede de segurança propiciada pelos balanços do sector financeiro parece cada vez mais pequena. O mercado de dívida pública europeu sobe quase continuamente desde 1999, as taxas de juro nominais estão negativas e nos EUA o ciclo de taxas de juro inverteu em Dezembro passado. Conjugar efeitos técnicos com as evidências quantitativas será importante”.
Focando a análise sobre o que se passa com as taxas de juro do outro lado do Atlântico Norte, o gestor refere que o “mercado de taxas de juro americano parece descrente da recuperação económica e transacciona condicionado pela turbulência dos mercados emergentes, descontando taxas do Fed a 1% e 1,5% para o fim de 2016 e 2017, respectivamente. Na nossa perspectiva estes níveis não reflectem os riscos de aceleração da inflação nos EUA e acreditamos que a Reserva Federal imporá um ritmo de subida de taxas claramente superior ao descontado pelo mercado.”