A bitcoin e o mercado de cripto fecharam 2024 com otimismo para os investidores. No entanto, as políticas protecionistas da administração de Trump abalaram a sua estabilidade no início de 2025. Veja o que os especialistas preveem para este ano.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
No final de 2024, a capitalização do mercado global dos ativos cotados situava-se próxima de 216 biliões de dólares. Dentro desse vasto universo financeiro, as criptomoedas conseguiram consolidar-se com uma capitalização de mercado conjunta superior a três biliões de dólares, o que representa cerca de 1,5% da carteira do mercado mundial, segundo dados da WisdomTree. “As criptomoedas, como classe de ativo, situaram-se junto de categorias já estabelecidas, como obrigações high yield, obrigações ligadas à inflação e ações de pequena capitalização de mercados emergentes”, destaca a entidade.
Em particular, o ano de 2024 encerrou com um marco para a bitcoin, que superou pela primeira vez a barreira histórica dos 100.000 dólares em dezembro. Este feito consolidou o seu estatuto como ativo-chave no ecossistema cripto e como referência nos mercados financeiros globais. No entanto, o regresso de Donald Trump à presidência dos EUA e a implementação das suas políticas económicas introduziram uma nova dose de volatilidade no mercado. Neste contexto, os analistas questionam-se: o que 2025 reserva às criptomoedas?
Impacto do primeiro mês do ano
O início do novo ano foi marcado pela adoção de políticas protecionistas por parte da administração Trump. O anúncio de tarifas sobre as importações provenientes da China, Canadá e México, provocou uma reação imediata no mercado de criptomoedas. A bitcoin registou uma queda significativa nesta segunda-feira, para os 95.298 dólares, após ter caído para os 91.231 dólares dias antes, o seu nível mais baixo desde 13 de janeiro. No entanto, o recente anúncio da suspensão temporária das tarifas sobre o Canadá e o México conseguiu recuperar a posição do ativo, superando de novo a barreira dos 100.000 dólares. Por sua vez, a ethereum também registou uma forte correção no final da semana passada, com uma queda de 10% que a levou a ser negociada em 2.608,21 dólares, segundo dados da Bloomberg.
“Embora as quedas possam ser alarmantes, é importante ter em conta que são temporárias”, afirma a Binance. “À medida que o mercado vai amadurecendo, a volatilidade irá diminuir gradualmente”, explicam. Por outro lado, Simon Peters, analista de mercado na eToro, assinala que “embora os preços dos criptoativos tenham caído após o entusiasmo antes da tomada de posse e o lançamento das memecoins $TRUMP e $MELANIA, a chegada de Trump ao poder marcou o início de uma política pró-cripto nos EUA”.
Perspetivas para 2025: institucionalização e adoção em massa
Os acontecimentos de 2024 lançaram as bases para a evolução da bitcoin para um ativo mais amplamente utilizado. “A aprovação de ETF de bitcoin nos EUA, juntamente com cortes nas taxas de juro, uma inflação controlada e a vitória de uma administração favorável às criptomoedas, fortaleceram a atratividade da bitcoin como investimento”, indica a Bitpanda.
Aneeka Gupta, diretora na WisdomTree, prevê que estas tendências se acelerem e evoluam ao longo de 2024. “É provável que a institucionalização das criptomoedas se aprofunde à medida que a bitcoin ganha maior aceitação entre os gestores de carteiras tradicionais. Espera-se que os investidores institucionais otimizem as suas estratégias multiativos para integrar bitcoins nas suas carteiras de forma mais eficiente”, afirma.
Tendências a favor da bitcoin para 2025
Além disso, a oferta limitada da bitcoin, restrita a 21 milhões de moedas, continua a ser o principal motor da sua valorização. Com mais de 94% das bitcoins já mineradas e uma taxa de emissão cada vez menor, os analistas da Kraken sugerem que essa escassez estrutural, combinada com uma maior procura institucional, poderá levar a bitcoin a ultrapassar os 150.000 dólares em 2025. “A bitcoin, com a sua oferta limitada, poderá ser uma opção atrativa para quem procura proteger a sua riqueza da inflação, o que poderá levar a um aumento da sua adoção”, afirma Mark Greenberg, vice-presidente de produto e diretor-geral de consumo na Kraken.
Aneeka Gupta também prevê que a resiliência e o valor da bitcoin como investimento alternativo não correlacionado podem atrair um maior reconhecimento, consolidando ainda mais o seu papel nas carteiras mundiais. “A adoção continuada e os ambientes regulamentares potencialmente mais favoráveis deverão permitir à bitcoin manter ou mesmo aumentar a sua quota de carteira no mercado global”, explica.