Nas últimas semanas, várias matérias-primas têm dado que falar, como o ouro e o petróleo, com aumentos de cerca de 13% para o primeiro e de 21% para o barril de petróleo bruto WTI. Mas há outra que ultrapassa por mais de dez vezes essas percentagens: o cacau. O que está por detrás deste forte aumento do preço do cacau? A falta de oferta tem um papel determinante, segundo aponta a diretora de Análise Macroeconómica da WisdomTree, Aneeka Gupta.
Esta escassez da oferta mundial deve-se à falta crónica de investimento em plantações de cacau. Juntamente com a especulação dos investidores, os preços dispararam nos últimos meses, alcançando máximos históricos de quase 10.000 dólares por tonelada métrica em março de 2024. A diretora acrescenta que a seca causada pelas alterações climáticas devastou os cultivos na África Ocidental, que fornece cerca de 80% da produção mundial de cacau.
Por outro lado, o posicionamento especulativo líquido também explica parte deste aumento. Não obstante, Aneeka sublinha que este posicionamento diminuiu 21,9% no último mês, de acordo com fontes oficiais. No entanto, os investidores estão indecisos quanto à recuperação dos preços do cacau, com uma queda de 27% das posições curtas, por um lado, mas uma redução de 24% das posições longas, por outro.
Tensões no mercado
De acordo com dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO), a relação entre o stock e a moagem vai cair para o nível mais baixo em quatro décadas, estando previsto que o défice no abastecimento de procura aumente para 374 quilotoneladas (kt) esta época, em comparação com as 75kt da época passada, o que implica um backwardation na parte da frente da curva de futuros, o que, segundo a especialista, poderá dar lugar a uma rentabilidade positiva de 5,3% face aos 6,4% do último mês.
A parte da frente da curva de futuros do cacau continua em backwardation
De acordo com fontes oficiais utilizadas pela diretora, o Gana (um dos maiores produtores de cacau a nível mundial) vai aumentar até 50% o preço fixo pago aos cultivadores de cacau para dividir os lucros da subida dos preços mundiais para dissuadir os agricultores do contrabando de grãos.
