A tecnologia (IA) que move as massas como o Woodstock

Sebastian Thomas. AllianzGI
Sebastian Thomas. Créditos: cedida (AllianzGI)

TRIBUNA de Sebastian Thomas, gestor de fundos na Allianz Global Investors. Comentário patrocinado pela Allianz Global Investors.

No passado mês de março, a Nvidia, líder em tecnologia gráfica e Inteligência Artificial, realizou a sua Conferência de Tecnologia GPU (GTC) anual, um evento de referência no domínio da tecnologia GPU desde a sua criação em 2009. Este ano, a conferência assinalou um marco ao ocorrer de forma presencial, atraindo mais de 11 000 investigadores, programadores e profissionais de vários setores, convertendo-se no Woodstock da IA, tal como foi apelidada por algumas pessoas. 

Durante o evento, a IA generativa foi apresentada como a próxima revolução industrial capaz de transformar os setores tradicionais. Além disso, a presença de líderes empresariais de diversas indústrias refletiu o interesse contínuo em adotar a IA para melhorar as operações comerciais. A poderosa GPU B100 foi revelada como parte da nova Plataforma Blackwell, enfatizando o compromisso da empresa em fornecer soluções integrais para centros de dados. Foi também apresentado um software capaz de simplificar a sua implementação, facilitando a adoção em larga escala e gerando receitas recorrentes.

Graças aos contínuos avanços na inovação da IA, é muito provável que os volumes de investimento excedam as previsões atuais. Entre todas estas inovações, está a emergir a IA de ponta, uma nova forma de Inteligência Artificial que promete experiências mais rápidas e personalizadas para os utilizadores e que poderá ser um importante catalisador de oportunidades atrativas para as carteiras. Imagine um telemóvel que traduz conversas em tempo real ou um automóvel que tem o seu próprio assistente pessoal. Isto já está a acontecer com a Edge AI1.

Então, o que significa realmente Edge AI?

Atualmente, a maior parte da atividade de computação da IA (incluindo a IA generativa) está centralizada em grandes centros de dados, permitindo aos modelos de IA tirar partido de uma grande quantidade de capacidade de processamento. Porém, à medida que a adoção da IA generativa se generaliza, esperamos que a computação se expanda para mais perto do utilizador final. Simplificando, está a trazer o poder da IA diretamente para os dispositivos que utilizamos todos os dias. Isto permite-nos ter experiências mais rápidas e personalizadas, como traduções instantâneas ou assistentes pessoais nos nossos automóveis. Além disso, pode ainda abrir novas oportunidades de investimento em dispositivos, serviços e infraestruturas relacionados com esta tecnologia.

Uma das razões pelas quais isto é tão entusiasmante é o facto de mudar a forma como a Inteligência Artificial é utilizada e experimentada. Até agora, a maior parte da IA tem estado centralizada em grandes centros de dados. Mas ao levá-la para os dispositivos que utilizamos todos os dias, torna-se mais rápida e eficiente. Isto significa que as empresas podem oferecer serviços mais personalizados e diferenciados, o que lhes dá uma vantagem competitiva.

Como é que a Edge AI influencia o investimento

A introdução de novos dispositivos e serviços de Edge AI tem implicações importantes para o investimento. Recentemente, várias empresas anunciaram o lançamento de produtos de Edge AI:

  • Algumas empresas de semicondutores introduziram novas unidades de processamento neural (NPU), concebidas especificamente para executar algoritmos de IA. Prevê-se que os computadores impulsionados pela IA possam atingir 100 milhões de unidades nos próximos dois anos.
  • Outra empresa de semicondutores lançou uma plataforma informática móvel com capacidades de Edge AI.
  • Um grande fabricante de smartphones anunciou que planeia integrar a IA em todos os dispositivos produzidos.

A Edge AI pode reativar as vendas de computadores e smartphones, que têm registado um crescimento lento devido ao atraso dos utilizadores na atualização dos seus dispositivos. Além disso, pode abrir a porta à próxima killer app (aplicação revolucionária), tal como aconteceu com as aplicações móveis após o aparecimento dos smartphones. Por último, o sucesso da Edge AI deve estimular novos esforços de investigação, exigindo que as empresas invistam mais em infraestruturas de IA.


1A IA de ponta refere-se à execução de modelos de Inteligência Artificial em dispositivos como wearables, telemóveis, câmaras, sensores IoT (Internet das Coisas) ou servidores de ponta, entre outros. Dispositivos que têm a capacidade de analisar e processar dados em tempo real e sem depender de um servidor de Internet.