TRIBUNA de Richard Clode, gestor de carteiras na Janus Henderson Investors. Comentário patrocionado pela Janus Henderson Investors.
Com o mundo a debater-se com tantas questões importantes, navegar os riscos e as oportunidades numa perspetiva de investimento pode ser um desafio. Que empresas vão fornecer as soluções, como evitar a publicidade exagerada, quando é que uma boa ideia se traduz num bom investimento?
O investimento temático, que tem como objetivo identificar os temas globais a longo prazo e as empresas que deles podem beneficiar, permite ao investidor participar nos drivers da mudança. Pode ser abordado de diferentes formas, mas, na Janus Henderson, acreditamos que há três fatores importantes a considerar.
1. Aceleração: uma década de mudanças mais rápidas
Se recuarmos 10 anos, a ideia de uma pandemia global e de confinamentos, de uma guerra na Europa Continental, da saída do Reino Unido da União Europeia, ou de uma inflação de dois dígitos estaria firmemente no âmbito do impensável. Do mesmo modo, a ideia de que poderíamos desenvolver vacinas em meses e não em anos para combater a COVID, de que o trabalho a partir de casa se tornaria uma prática corrente, ou de que, após tantos invernos de descontentamento, os veículos elétricos e a inteligência artificial (IA) atingiriam finalmente a maturidade também teria parecido um sonho.
No entanto, uma constante é o facto de o mundo à nossa volta estar a mudar e de esse ritmo de mudança estar a acelerar. A Figura 1 mostra a rapidez com que a adoção de dispositivos digitais tem crescido exponencialmente ao longo das décadas. Embora possamos não concordar ou sequer ser capazes de prever com grande exatidão o que a próxima década nos reserva, provavelmente podemos concordar que o ritmo de mudança não vai abrandar.
Figura 1: a transformação digital impulsiona a disrupção
À medida que aqueles que nasceram na era dos smartphones e das aplicações, conhecidos como nativos digitais, se tornam a maioria da força de trabalho e, a seu tempo, os donos da maior parte da riqueza, acreditamos que a mudança só poderá acelerar ainda mais. A sua maior vontade de adotar novas tecnologias, o foco na sustentabilidade, as tendências demográficas de crescimento e envelhecimento da população, as restrições de recursos, as alterações climáticas, a desglobalização, e a rápida evolução dos padrões de trabalho, incluindo o trabalho híbrido, significam que o cenário está montado para uma década de mudança acelerada.
2. Inovação: o impacto da IA
O poder exponencial da inovação não é melhor ilustrado do que pelo lançamento viral do ChatGPT no final de 2022. O aparecimento da IA generativa é um prenúncio provável de uma década de mudanças ainda mais rápidas, à medida que muitas indústrias e empregos são reinventados. O lançamento do iPhone em 2007 foi o percursor de uma onda de inovação que transformou o nosso quotidiano. Fazer download de músicas, o streaming de vídeo, o TVDE, os jogos no telemóvel, os relacionamentos online, a publicação de fotografias no Instagram, ou a criação de pequenos vídeos virais foram todos possíveis e floresceram graças a esse avanço tecnológico. A Figura 2 mostra a velocidade de adoção e desenvolvimento de novos serviços digitais que, alguns anos antes do seu lançamento, teria sido difícil para as pessoas ou investidores imaginá-los. O conceito de uma carreira de programador de aplicações ou de influencer não poderia ser imaginado. De modo geral, conseguimos prever muito melhor os empregos que serão substituídos pela tecnologia, mas muito menos aptos a imaginar as novas carreiras que serão criadas.
Figura 2: velocidade de adoção e desenvolvimento de serviços digitais
Estamos apenas a começar a entender as ramificações do ChatGPT e da IA generativa, que não estarão confinadas apenas ao setor tecnológico. A IA pode ser aproveitada no processo de descoberta de medicamentos ou na sequenciação de ADN e edição do genoma, abrindo caminho a uma excitante década de aceleração da inovação nos cuidados de saúde. A IA também terá um papel crucial na promoção da eficiência, dos ganhos de produtividade e de novas soluções para enfrentar os desafios de sustentabilidade. A IA, juntamente com as considerações de sustentabilidade, continuará a mudar as nossas preferências de trabalho e de vida em casa. As tendências de trabalho híbrido irão evoluir ainda mais e impulsionar a mudança no setor imobiliário com cidades mais inteligentes, mais centros de dados e padrões de trabalho reinventados. A IA é também um facilitador e um elemento fundamental das futuras tecnologias, como os veículos autónomos e o metaverso. Como tal, a IA estará na vanguarda da mudança acelerada a que assistimos nesta década, com grandes ramificações em vários setores e no mercado de ações em geral.
3. Diferenciação: tempos diferentes, vencedores diferentes
Num mundo em acelerada mudança, é evidente que os intervenientes já estabelecidos vão ser colocados em causa. Ao longo da última década, o comércio eletrónico perturbou o setor de retalho, as redes sociais foram a kryptonite dos jornais e da rádio, enquanto o streaming e o gaming mudou radicalmente a indústria do entretenimento. Isto tem importantes implicações para as ações que pretendíamos deter. Os principais intervenientes, que foram bem sucedidos durante décadas, foram, em alguns casos, empurrados para a falência, enquanto novas empresas conseguiram aproveitar as oportunidades proporcionadas por estas mudanças sísmicas para se tornarem as ações com melhor performance.
Estamos agora a assistir a novas e importantes mudanças tectónicas. Após mais de um século dominado pelos automóveis com motor de combustão interna, estamos rapidamente a fazer uma transição para os veículos elétricos. As políticas governamentais, as novas regulamentações e os subsídios focados em objetivos sustentáveis conduzirão, de uma forma mais geral, a uma reconfiguração do nosso abastecimento de energia e de muitas outras indústrias. O mercado já está a tentar definir os vencedores e perdedores da IA. Esta avaliação terá de ser dinâmica, dado o rápido desenvolvimento. Novas tendências irão surgir e apresentar novas oportunidades que terão de ser aproveitadas pelos investidores.
A aceleração e a inovação conduzirão a uma maior dispersão dos retornos das ações. Diferenciar os retornos das ações requer capacidade de identificar os beneficiários destes tema-chave ao longo do tempo. Mas, embora uma lente temática seja útil para identificar oportunidades de crescimento a longo prazo, a capacidade de identificar com sucesso os verdadeiros vencedores nesses temas exige muito mais: um profundo conhecimento setorial específico das principais tendências e tecnologias em jogo e das marcas mais bem equipadas para tirar partido delas. Como mostra a Figura 3, uma abordagem ativa será essencial para estar bem posicionado para esta maior dispersão.
Figura 3: o investimento temático exige uma abordagem ativa - dispersão dos retornos por setor (a 10 anos)
Rendimento médio a 10 anos
Em suma
Os vencedores de hoje não serão necessariamento os vencedores de amanhã, uma vez que os temas e as marcas continuam dinâmicos. Além disso, com a redefinição do custo do capital, que torna o acesso ao capital mais caro e mais difícil de obter, há menos tolerância para os modelos de negócio que não são autofinanciados. Este é um terreno fértil para os selecionadores de ações fundamentais ativos e bottom-up com experiência em identificar vencedores em vários ciclos económicos. Para os investidores, é, por conseguinte, essencial avaliara os track records a longo prazo e garantir que as equipas de investimento têm o conhecimento e o calibre para gerir e criar soluções temáticas para um mundo em mudança transformacional.
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As indústrias tecnológicas podem ser significativamente afetadas pela obsolescência da tecnologia existente, por ciclos curtos dos produtos, pela queda dos preços e dos lucros, pela concorrência de novos operadores no mercado e pelas condições económicas gerais. Um investimento concentrado num único setor pode ser mais volátil do que o desempenho de investimentos menos concentrados e do mercado como um todo.
O Índice Dow Jones Wilshire 5000 é um índice que mede o desempenho de todos os títulos de ações com sede nos EUA com dados de preços prontamente disponíveis. São utilizados mais de 5.000 retornos de títulos ponderados pela capitalização e o Índice Dow Jones Wilshire 5000 é considerado uma das principais medidas de todo o mercado acionista dos EUA.
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