As guerras comerciais geralmente afetam todos

Carlos_Bastardo
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A guerra comercial que o presidente americano Donald Trump dá mostras de querer iniciar é um dos principais fatores de risco a ter em conta em 2018 para quem gere ativos financeiros.

Olhando para o passado, a experiência diz-nos que quem inicia é retaliado e o resultado é bastante negativo para o crescimento económico desses países e para o crescimento económico mundial.

A subida das tarifas alfandegárias por um país à entrada de produtos importados vem contra as regras do livre comércio internacional. Claramente, caso esta teimosia do presidente americano persista, voltamos aos tempos do protecionismo, com efeitos negativos em termos globais. Como resposta, a China, segunda potência económica mundial, anunciou retaliar podendo vir a subir as tarifas alfandegárias sobre alguns produtos americanos (os mais expressivos em termos de importações).

A reação a essa decisão foi para já negativa na Europa, como o atestam os valores do PMI da indústria dos primeiros meses de 2018, especialmente em março.

Numa altura em que a Reserva Federal Americana veio rever em alta o crescimento do PIB nos EUA, após ter subido novamente a taxa de juro Fed Funds na semana passada e ter assinalado mais duas possíveis subidas em 2018, começamos a entrar num período de subida da incerteza.

O comportamento dos investidores tem sido desde 8 de fevereiro algo inconsistente. Após uma recuperação do índice S&P praticamente para os níveis máximos históricos, este voltou a cair nos últimos dias, dado o aumento da volatilidade (VIX).

A diminuição da confiança nos mercados é mais um fator negativo para os negócios, para a confiança dos empresários, para o investimento e para o emprego.

Independentemente de termos assistido a uma época de resultados do quarto trimestre de 2017 positiva nos principais blocos económicos (EUA, Europa e Japão), com a performance das empresas a ficar maioritariamente acima das estimativas dos analistas, a sucessão de notícias negativas como as tarifas alfandegárias, pode ser prejudicial à continuação da recuperação económica.

Outro fator que tem influenciado negativamente a confiança dos investidores nos últimos dias, tem sido a sucessão de notícias sobre o eventual uso e abuso de informação na mais badalada rede social. Esta é outra doença / praga dos tempos modernos.

Vamos aguardar pelas audiências que os governos inglês e americano querem fazer ao patrão da empresa e, principalmente o que esta e as restantes redes sociais vão fazer para melhorar os índices de segurança da informação.

Afinal os simples “likes” podem ser mais problemáticos do que se imagina!... A informação pessoal pode ficar escancarada e à mercê de utilização indevida, como parece que aconteceu, de acordo com as notícias vindas a público.