Ativos privados: três questões para investir com sucesso

Carla Bergareche
Carla Bergareche. Créditos: Cedida (Schroders)

TRIBUNA de Carla Bergareche, diretora-geral da Schroders em Espanha e Portugal. Comentário patrocinado pela Schroders.

Em 2023, os investidores vão enfrentar uma combinação complexa de desafios e riscos que se têm arrastado desde o ano passado. Mesmo que estes desaparecessem, outros problemas atuais, como a desigualdade social e o populismo, continuariam a existir. No entanto, isto não afeta todos os ativos de forma igual. A natureza de longo prazo dos ativos privados, bem como outras características únicas, incentivam cada vez mais investidores a optarem por incluí-los nas suas carteiras.  Advertisement

Na Schroders destacamos cinco tendências de longo prazo que não devem ser afetadas por desafios a curto prazo e que devem ser benéficas: alterações climáticas e descarbonização, revolução tecnológica, estilos de vida sustentáveis, envelhecimento populacional e crescimento de mercados e fronteiras emergentes. Para além destas tendências, acreditamos que há três questões-chave em que os investidores podem concentrar-se para garantir que as alocações a ativos privados sejam o mais resistentes possível no ambiente atual. 

Em primeiro lugar, manter um ritmo constante de investimento.  De acordo com a nossa análise, os anos de recessão são muitas vezes alturas atrativas. Estruturalmente, os fundos podem beneficiar de uma diversificação temporária, na qual a implantação de capital ocorre ao longo de vários anos. Isto permite que os fundos levantados durante os anos de recessão adquiram ativos cujas avaliações estão em níveis deprimidos. Estes fundos podem sair destes ativos mais tarde, nomeadamente na fase de recuperação, quando as avaliações aumentarem.

Como exemplo, o gráfico acima mostra a taxa média interna de retorno (TIR) dos fundos de private equity (capital privado) levantados durante um ano de recessão, e como esta tem sido mais de 14% ao ano, de acordo com dados que remontam a 1980. Esta percentagem é mais elevada do que no caso dos fundos levantados nos anos que antecederam uma recessão, onde o sentimento dos investidores era provavelmente muito mais otimista.

Em segundo lugar, as estratégias de ativos privados tendem a ser menos correlacionadas porque existem estratégias especializadas em cada classe de ativos que devem mostrar resiliência mesmo no pior cenário de recessão profunda e prolongada. A maioria destes investimentos encontra-se na parte mais ampla das operações. Além disso, acreditamos que os investimentos com forte sustentabilidade e características de impacto proporcionam um melhor potencial positivo e uma maior proteção contra quedas. Acreditamos que haverá oportunidades interessantes no âmbito das operações no mercado secundário em 2023, tanto no caso das operações por parceiros gerais (GP-led) como para as transações limitadas lideradas por parceiros de responsabilidade limitada (LP). Neste segundo caso, prevemos que em 2023 surgirão oportunidades atrativas para adquirir participações das mãos de vendedores que se encontrem em situações difíceis.

Em terceiro lugar, a captação de fundos para o investimento em ativos privados disparou, embora a acumulação de capital disponível para investir tenha sido desigual segundo as estratégias. As nossas análises dizem-nos que há uma correlação negativa entre ambos os fatores. Quando a captação de fundos foi superior à tendência, o retorno obtido durante o ano em que o investimento inicial é feito foi negativamente afetado, uma vez que o capital disponível para investir pode inflacionar as avaliações de entrada. É por isso que acreditamos que os investidores devem evitar estratégias com excesso de capital disponível para investir, até que os níveis de capital disponível regressem a parâmetros mais normais, embora esta normalização possa demorar trimestres ou mesmo anos.

Em conclusão, embora os investimentos em ativos privados não sejam imunes a contextos de recessão, os dados sugerem que os investidores podem esperar que avaliações de ativos privados mostrem resiliência em termos comparativos. Acreditamos que os investidores que procuram manter um ritmo de investimento estável e que se concentrem nas tendências de longo prazo serão capazes de posicionar eficazmente as suas carteiras de ativos privados.

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