O Chart of the Week é da autoria de Pedro Carvalho, responsável pela equipa de gestão discricionária no ABANCA.
O gráfico que destaco esta semana é o das performances das commodities nos últimos 10 anos com um design a relembrar a conhecida tabela periódica.
Para os investidores, 2021 foi um ano em que quase todas as classes de ativos terminaram no verde, com as commodities a oferecer alguns dos melhores retornos. Após um forte desempenho das commodities (especialmente metais) no ano anterior, quem brilhou em 2021 foram as commodities energéticas. Os três melhores desempenhos para 2021 foram as commodities energéticas, com o carvão a oferecer o melhor retorno anual de qualquer commodity nos últimos 10 anos, de 160,61%, seguido pelo petróleo com um ganho de 55,01% (a commodity mais volátil do ano) e depois o gás natural, com uma subida de 46,91%.
A retoma parcial das viagens e a reabertura dos negócios em 2021, foram poderosos catalisadores que impulsionaram o aumento dos preços das commodities energéticas. As únicas commodities no vermelho este ano foram os metais preciosos (apesar do aumento da inflação), com a prata a desvalorizar 11,72% e o ouro com uma queda de 3,64%. O paládio teve o pior desempenho em 2021, afundando 22,21%. O papel tradicional do ouro como proteção contra a inflação não surtiu efeito em 2021, com os investidores a recorrer a ações, real estate e até mesmo criptomoedas para preservar e aumentar os seus investimentos.
Além dos metais preciosos, todas as outras commodities tiveram retornos positivos de dois dígitos, com quatro commodities (petróleo, carvão, alumínio e trigo) a ter os seus melhores desempenhos da última década. Dentro das commodities ligadas aos metais, existiram retornos opostos entre metais preciosos e metais básicos. Cobre, níquel, zinco, alumínio e chumbo, todos essenciais para a transição para a energia limpa, mantiveram os retornos positivos do ano de 2020, pois são fulcrais para as baterias de veículos elétricos e para as tecnologias ligadas às energias renováveis.
Não deixa de ser curioso, numa altura em que se fala exaustivamente da transição para a energia limpa e de encerramento de centrais elétricas a carvão, que o carvão tenha sido a commodity com a melhor performance de 2021. Um dos grandes responsáveis por esta performance, é a China com o consumo de um terço da produção mundial de carvão, explicando assim a quebra no acordo final da COP26 em relação à eliminação do carvão por parte da China e da Índia.