O contributo desta semana é Rui Silva Martins, Responsável de Alocação de Ativos, da Caixagest onde analisa a inversão da curva de rendimentos americana.
(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de Rui Silva Martins, Responsável de Alocação de Ativos, da Caixagest)

Fontes: Federal Reserve Bank of St. Louis e NBER
O contexto de abrandamento económico, evidenciado por alguns indicadores de atividade e de
sentimento, e de posturas mais cautelosas por parte dos bancos centrais, no qual se evidenciou a Fed, resultou na queda das taxas de juro a nível global. Neste ambiente, as yields das obrigações do tesouro dos EUA a 10 anos desceram para valores ligeiramente inferiores às dos 3 meses, culminando numa inversão da curva de rendimentos americana.
Esta inversão traduz as preocupações dos investidores quanto à evolução futura da economia, os quais normalmente exigem uma rendibilidade superior (i.e. yields mais elevadas) para investirem em maturidades mais longas. Este diferencial de taxas é um dos indicadores mais mediatizados para prever a inversão do ciclo económico americano.
De acordo com alguns estudos, uma inclinação negativa é um bom antecipador da inversão do ciclo económico, tendo precedido entre 6 e 17 meses o início de todas as recessões nos EUA desde 1970.
Uma das razões para esta relação poderá ser o impacto que a inclinação da curva de rendimentos tem na rentabilidade do setor bancário. Em média, os ativos deste setor, ou seja os empréstimos às famílias e às empresas, apresentam maturidades superiores às dos passivos (depósitos e financiamentos interbancários). Desta forma, os bancos beneficiam quando o diferencial de taxas de juro de longo prazo face às de curto é elevado. Assim, uma diminuição deste spread influencia negativamente os resultados dos bancos, o que promove a sua menor propensão para concederem crédito à economia.