Chart of the Week - O mercado de trabalho nos EUA

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Créditos: Anoushka P (Unsplash)

Chart of the Week é da autoria de Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa.

Paulo Rosa

Na próxima sexta-feira, dia 7 de agosto, o departamento do trabalho norte-americano  divulgará o relatório de emprego referente ao mês de julho. O mercado de trabalho é o dado macroeconómico mais importante da economia norte-americana, nomeadamente os postos de trabalho criados (sem o setor agrícola), a taxa de desemprego, os postos de trabalho criados no setor privado e a evolução do custo por hora de trabalho.

O confinamento ditado pela pandemia covid-19, na primavera do ano passado, abalou significativamente o mercado de trabalho e a taxa de desemprego no mês de abril de 2020 atingiu 14,8%, o valor mais elevado desde janeiro de 1948 (quando começaram a ser compilados os dados pelo BLS). Foram destruídos nesse mesmo mês quase 21 milhões de postos de trabalho. Parte da atividade económica tinha sido paralisada para suster a propagação do vírus e aliviar os sistemas nacionais de saúde. Nos meses seguintes, as empresas regressaram gradualmente à atividade, a economia recuperou parte dos postos de trabalho e a taxa de desemprego desceu para valores à volta dos 6%, mas os setores dependentes de uma maior proximidade social, apesar de alguma melhoria no primeiro semestre de 2021, continuam penalizados e a taxa de desemprego continua aquém dos níveis de pleno emprego, registados em fevereiro de 2020, nos 3,5%, mês anterior ao início da pandemia.

A atividade económica norte-americana abrandou no segundo trimestre de 2021 e os números preliminares do PIB apontam para um crescimento de 6,5%, aquém de 8,4% esperados pelo mercado. A criação de postos de trabalho nos últimos meses abaixo de um milhão, número esperado e desejado pela administração norte-americana, já antecipava uma desaceleração económica.

Atualmente, os analistas esperam que a economia norte-americana crie, em julho, cerca de 976 mil postos de trabalho e que a taxa de desemprego recue de 5,9% para 5,7%. Todavia, a inclinação da curva de rendimentos norte-americana tem descido gradualmente desde o final de março, o que espelha um abrandamento económico. 

Ainda há muito trabalho a fazer, muitos empregos para recuperar. A Reserva Federal dos EUA, e o seu presidente Jerome Powell, tem alertado para esse facto, referindo que ainda é cedo para retirar os estímulos monetários, justificando a sua postura defensiva face aos dados macros e dovish no que concerne à política monetária, até porque o mercado de trabalho ainda se mantém aquém do pleno emprego, tal como é desejado por Janet Yellen em 2022, secretária do Tesouro norte-americano.