Esta semana vou estar de olho... na reunião do comité de operações em mercado aberto (FOMC) da Fed

Pedro Assis. Créditos: Cedida

O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Pedro Silveira Assis, managing partner da Baluarte.

Esta semana, o mundo estará de olhos postos na reunião do comité de operações em mercado aberto (FOMC) da Reserva Federal norte-americana, que decorrerá nos dias 21 e 22.

No seu discurso de 27 de agosto passado em Jackson Hole, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, deixou claro que ainda este ano poderiam estar reunidas as condições para começar a reduzir o ritmo de compras de ativos: uma continuada melhoria das condições no mercado de trabalho e do nível geral de preços, apesar de grandes assimetrias e desfasamentos ainda registados em ambos indicadores quando analisados transversalmente nos vários sectores da economia americana. No entanto, apressou-se a acrescentar que isso não deveria ser tomado como um sinal para o início da subida das taxas de juro de referência do banco central, que só deverão ocorrer quando a economia alcançar definitivamente o pleno emprego e a inflação se mantiver previsivelmente acima de 2% de forma sustentada, algo que, no seu entender, ainda está longe de ocorrer.

A evolução da economia americana desde então, bem como da pandemia que a condiciona, não acrescentou nada de muito diferente aos dados que estiveram na base desta análise, pelo que não se espera certamente qualquer alteração de taxas nesta reunião, nem tão pouco do cenário da sua manutenção até meados de 2023, como relevou recentemente um inquérito Bloomberg a 52 analistas, realizado entre os dias 10 e 15 setembro de 2021. No entanto, será muito importante seguir a declaração que acompanhará essa decisão, pelo que pode revelar sobre o momento e a forma da redução do atual programa de compra mensal de 80 mil milhões de Treasuries e 40 mil milhões de MBS, que tem mantido forte pressão descendente nas taxas destes mercados e, com isto, criado condições anormalmente favoráveis para o financiamento das empresas, que têm aquelas como referência. O consenso de mercado é, atualmente, que este anúncio seja feito mais tarde este ano, pelo que o potencial de uma surpresa negativa não deve ser ignorado.

Será igualmente muito interessante conhecer as previsões económicas da Fed, que serão atualizadas por ocasião desta reunião, pelo que poderão revelar sobre a forma como o seu cenário para as variáveis-chave de emprego e inflação evoluiu nos últimos meses.