Esta semana vou estar de olho... no dólar/iene

Filipe Garcia_IMF
Filipe Garcia. Créditos: Cedida

Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Filipe Garcia, CESGA, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros.

O iene tem sido a moeda do G7 com pior performance este ano, acumulando no final do primeiro trimestre uma desvalorização de 2.8% face ao euro e de 5.4% em relação ao dólar. No passado dia 28 de março o USD/JPY atingiu os 125.10 ienes, nível que não era visto desde agosto de 2015, como se pode verificar no gráfico abaixo.

Fonte: Refinitiv / IMF – Informação de Mercados Financeiros

A principal explicação está na total divergência entre políticas monetárias. Na generalidade dos bancos centrais já se inverteu o ciclo de taxas de juro, com a maioria a ter já subido taxas ou a ter dado a entender que o irá a fazer em breve. No caso concreto da Fed, a subida já concretizada e as constantes indicações de o ciclo de contração monetária irá acelerar este ano contrasta com a nova ronda de compra de obrigações sem limite de montante pelo Banco do Japão com o objetivo de conter a subida dos juros. Há quem especule se esta decisão recente do Banco do Japão não será mesmo uma tentativa algo desesperada de mostrar ao mercado que ainda consegue controlar a curva de rendimentos.

A queda do iene também está a resultar de outros fatores. Um deles foi de curto prazo, com alguns analistas a citarem o fecho de ano fiscal, a 31 de março, como fator adicional de venda de ienes. Por vezes acontece o efeito contrário, quando há repatriação de capitais, mas não foi o caso deste ano. Um outro fator conjuntural relaciona-se com a evolução do preço do petróleo. O Japão é um país muito industrializado, mas dependente em termos energéticos, pelo que a subida expressiva dos preços do petróleo prejudica o Japão.

As razões do interesse em observar o USD/JPY nos próximos dias prende-se com questões fundamentalmente técnicas. A zona de 125 ienes funcionou como uma resistência, que era esperada e será a grande referência em alta para os próximos tempos. O ritmo de desvalorização recente do iene, a forma como ressaltou dos 125 ienes e a grande distância à média móvel de 200 dias são fatores que abrem espaço a uma correção do câmbio, como se pode verificar no gráfico abaixo.

Fonte: Refinitiv / IMF – Informação de Mercados Financeiros

Do lado fundamental, um eventual recuo adicional dos preços do petróleo e das ações também beneficiariam o iene. A quebra em alta de 125 ienes – que não se espera que ocorra agora, mas que é bastante plausível que suceda durante este ano – aceleraria ainda mais a queda do iene e obrigaria o Banco do Japão a repensar a sua estratégia.