Esta semana vou estar de olho... no processo de impeachment de Trump

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Vitor Duarte

(O contributo desta semana é da autoria de Vasilya Mustafina, responsável de Análise da Helvetica Management.)

No passado 24 de setembro, Nancy Pelosi anunciou que a Câmara dos Representantes, que preside, irá iniciar um inquérito formal visando o impeachment do presidente Trump, no âmbito de uma investigação de uma alegada traição do seu juramento de tomada de posse e da Constituição Norte-Americana e afetando a segurança da Nação, através da influência de um outro país em prol do seu próprio ganho político. O motivo original para o processo decorreu de uma investigação preliminar despoletada por membros do Partido Democrata da Câmara, iniciada no dia 9 de setembro, e com o enquadramento de que o presidente Trump e o seu advogado Rudolph W. Giuliani tentaram manipular o governo ucraniano para ajudar a campanha de reeleição de Trump, contra o ex-vice-presidente Joe Biden, que já é candidato contra Trump nas eleições presidenciais de 2020.

Esta semana vai ser importante para se avaliar a sequência do processo e a sua influência nos diferentes segmentos dos mercados financeiros.

Saiba-se que um processo de impeachment tem diferentes etapas: a primeira etapa é a autorização da investigação pela Câmara dos Representantes e depois a votação em normas mais específicas relativas ao impeachment que requer maioria simples (51%). Nesta etapa, há alta probabilidade de a votação ser superior a 51% dada a posição maioritária dos democratas eleitos (235 de 435) na Câmara dos Representantes. De seguida, Trump tem a opção de renunciar (tal qual Nixon fez em 1974) ou permitir o prosseguimento do impeachment com julgamento público a realizar no Senado e presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (como Andrew Johnson, em 1868, e, Bill Clinton, em 1998). Esta etapa pode já resultar na decisão de impeachment e na destituição do cargo (apesar de na história dos EUA nenhum presidente ter sido destituído de cargo). Nesse caso a consequência imediata seria o vice-presidente (Mike Pence) a assumir o cargo no resto do mandato. Para isto acontecer, nessa fase, será necessária uma votação favorável do Senado em maioria qualificada (2/3 dos votos) para lhe dar eficácia, se bem que, atualmente, 53 de 100 são senadores republicanos, da mesma força política de Trump.

A reação a este facto dos mercados de ativos de risco foi inicialmente negativa, com recuperação incompleta logo a seguir. No que respeita aos ativos defensivos, estes mostravam a tendência contrária. É importante estimar a força do impacto negativo desta instabilidade política decorrente deste processo de impeachment. Por outro lado, é provável, porém, que este caso faça com que Trump tenha maior vontade de acabar a guerra de tarifas com a China mais rapidamente, ou pelo menos não se envolver em novas negociações, o que poderá constituir um impacto positivo para os mercados. O insucesso do impeachment é outro resultado possível, que traz o risco de mais poder de Trump e mais guerras tarifárias. Depois das últimas reuniões dos bancos centrais – BCE, FED -, que revelaram a intenção suportar o contínuo crescimento económico, é agora importante do lado dos governantes contribuir para esse crescimento económico global.

vm

Fonte: Bloomberg