O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Guilherme Neves, do departamento de Gestão de Ativos na Invest Gestão de Activos.
Esta semana vou estar de olho nos dados da inflação nos Estados Unidos que serão divulgados dia 13. No mês transato verificou-se uma forte perturbação nos mercados financeiros, em consequência da divulgação dos dados relativos a agosto, com a inflação anual core a cifrar-se em 6,2% e a headline em 8,3%. Desta forma, importa perceber a evolução desta métrica, que em conjunto com outros indicadores económicos determinarão a evolução da política monetária por parte da Fed.
O impacto da divulgação referida anteriormente pode ser aferido na imagem abaixo, com a FED Funds Rate esperada pelo mercado, para 23 de fevereiro, a subir 67 bps, para os 4,54%, desde o início de setembro.
Expectativas de mercado para Fed Funds Rate à data da reunião de 2 de fevereiro de 2023
A expetativa de continuação de uma política monetária agressiva por parte da Fed, como consequência dos elevados níveis de inflação, tem levado a uma deterioração das condições de financiamento através do aumento das taxas de juro sem risco e dos spreads de crédito.
Com efeito, nos Estados-Unidos, a yield média paga pelas empresas com rating de crédito Investment Grade, tem subido de forma acentuada ao longo deste ano, situando-se nos 5,61%, o valor mais elevado desde a crise financeira de 2008.
Evolução da taxa de juro corporativa nos EUA (Investment Grade)
O grande ponto de interrogação para os próximos meses passa por perceber até que ponto esta escalada de yields pode ir. Assim, as implicações deste movimento estendem-se desde os agentes económicos que enfrentam maiores custos de financiamento, ao próprio mercado acionista que se confronta com níveis mais elevados de custo de oportunidade do capital, que se traduzem em menores múltiplos de valorização e potencialmente em menores margens de lucro futuras.