Esta semana vou estar de olho... nos dados do emprego nos EUA

Isabel Hrotko
Isabel Hrotko. Créditos: Vitor Duarte

Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Isabel Hrotko, analista da DWM do Millennium bcp

A economia dos EUA tem mostrado uma resiliência inesperada e, apesar de todos os receios induzidos pelo aumento das taxas de juro e pela inversão da yield curve, o cenário quase consensual de recessão tem vindo a ser sucessivamente adiado. Os dados macro, sucessivamente melhores que o antecipado, designadamente do PIB que registou um crescimento de 2.4% no segundo trimestre, têm feito capitular até alguns dos mais convictos bears do mercado.

A robustez do mercado de trabalho tem sido essencial para esta evolução positiva da economia, uma vez que o crescimento do emprego tem suportado o rendimento e o consumo das famílias, num contexto em que a inflação elevada induziu uma redução dos salários reais.

Em simultâneo, temos assistido a uma recuperação gradual do equilíbrio entre a oferta e a procura de trabalho que suporta o processo de desinflação em curso. O aumento dos salários tem evidenciado uma tendência de normalização, reforçando a confiança da Fed na sustentabilidade da trajetória de moderação da inflação core o que evitará novas subidas de taxas.

Na sequência de uma atividade pós-pandémica muito dinâmica, o abrandamento do crescimento do emprego era esperado e até desejado, uma vez que remove a potencial pressão sobre a inflação de um mercado de trabalho “sobreaquecido”.

Num contexto de persistência da incerteza em relação ao impacto potencial da subida das taxas de juro no crescimento, os indicadores do mercado de trabalho são de extrema importância para a avaliação da resiliência da economia. Assim, importa continuar a monitorizar em que medida a criação de emprego nos EUA continua a sugerir a normalização do mercado de trabalho, confirmando a ausência de uma inversão do ciclo económico.