O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de David Afonso, Equity portfolio manager na IM Gestão de Ativos.
Na próxima semana será divulgada uma panóplia de indicadores associados aos níveis de preços nos EUA, referentes ao mês de setembro. Numa altura em que as recentes performances dos mercados têm sido ditadas pela definição da política monetária por parte dos bancos centrais, estes números poderão mostrar a folga que a Reserva Federal norte-americana possui para continuar a senda de diminuição das taxas de juro, encetada na sua mais recente reunião, de forma a potenciar a hipótese de soft landing.
Na quinta-feira sairá o lote de dados referente aos preços sentidos pelos consumidores. As expetativas apontam para novo abrandamento do registo homólogo do número headline para valores que já não se registavam há mais de 3 anos e meio, beneficiando da quebra do preço do petróleo a que se assistiu nos últimos 12 meses. Já na métrica core, que não beneficia desses ventos favoráveis, a expetativa é de repetição dos 3,2% assentados em agosto. Uma não redução destes registos poderia trazer de volta os fantasmas da inflação persistente e limitaria a margem de atuação por parte da Fed, nomeadamente na magnitude dos cortes perspetivados.
No dia seguinte, será tempo de aferir os números do lado dos produtores, dados vistos muitas vezes como indicadores avançados do IPC. Desta feita, as estimativas não são tão animadoras, na medida em que para o índice de preços no produtor, excluindo alimentação e energia, as estimativas apontam para nova aceleração, o que na realidade já tem sido o apanágio neste 2024. Com efeito, dos oito registos já averbados, sete foram contabilizados como subidas. Números acima do previsto poderiam colocar em causa os ganhos recentes, despoletados pela ânsia do regresso a níveis mais moderados das taxas de juro.