Esta semana vou estar de olho... nos resultados dos bancos americanos

João Ramos-IMGA
João Ramos. Créditos: Cedida (IMGA)

Esta semana vou estar de olho... é da autoria de João Ramos, gestor na IM Gestão de Ativos.

Os resultados referentes ao 3º trimestre dos bancos americanos começam já na próxima terça-feira, 13 de outubro, com a J.P. Morgan a ser o primeiro da lista. Neste trimestre é expectável que os ganhos sejam marcados por uma forte atividade associada aos mercados, compensando o crescimento fraco dos empréstimos e a consequente pressão sobre o net interest margin. É ainda esperado que exista a libertação de reservas associadas ao crédito, embora mais baixas do que no 2º trimestre.

Neste trimestre o foco estará menos sobre os resultados reais, e mais sobre as múltiplas questões que permanecem sem resposta, entre as quais a exposição existente à China e ao setor imobiliário, o aumento das taxas de juro e da inflação, a subida do preço global de energia e o tema do debt ceiling.

A qualidade do crédito mantém-se forte, com perdas bastante baixas no médio prazo. Ainda assim, tendo em conta a redução dos estímulos fiscais dados aos consumidores americanos, será importante perceber como se comportaram as carteiras de crédito. De acordo com a Moody’s, a qualidade das carteiras de crédito dos bancos americanos permaneceu excecionalmente robusta em agosto, refletindo novamente a sólida capacidade financeira dos consumidores, graças às quantidades extraordinárias de estímulos pandémicos e medidas de apoio ao consumidor. O desemprego também está a melhorar rapidamente, embora ainda acima dos níveis pré-covid. Com a redução dos estímulos e a retoma dos planos de pagamento dos créditos, o incumprimento nos cartões de crédito e nos empréstimos de automóveis começarão inevitavelmente a aumentar.

Em termos de margem financeira, com a Fed pronto para iniciar o processo de tapering, o foco mudou naturalmente para o aumento das taxas de juro. O impacto deste aumento é, sem dúvida, positivo para o sistema bancário. Além disso, o crescimento do balanço da Fed desde a pandemia pressionou os rácios regulatórios, com destaque para o supplementary leverage ratio (SLR). Embora este aperto de estímulos ainda seja um evento cuja conclusão esteja prevista para 2022, o mercado está já a olhar para o futuro e começará a descontar o alívio e as exigências para o próximo ano.