O Esta semana vou estar de olho… é da autoria de Cristiana Almeida, analista de investimentos da Dolat Capital.
Nesta semana, no dia 19, o Tesouro dos EUA vai emitir títulos de dívida pública a 20 anos. Dependendo do sucesso desta colocação em mercado primário, os níveis das taxas de juro de longo prazo do dólar poderão variar, o que por sua vez poderá afetar a valorização do mercado acionista.
Como vimos nos últimos meses, a subida das taxas de juro de longo prazo dos EUA levou a um aumento da volatilidade do mercado acionista. A yield dos Treasuries a 10 anos aumentou mais de 1% entre agosto de 2020 e março de 2021, tendo atingido níveis próximos de 1.75%. No mesmo período, o VIX, índice de volatilidade do S&P 500, atingiu vários picos, como se pode observar no gráfico. A subida das taxas deriva sobretudo do aumento das expetativas de inflação, relacionadas com a recuperação económica e a liquidez injetada no sistema financeiro pela Reserva Federal. No entanto, o aumento das taxas afeta negativamente a valorização das ações, sobretudo quando se utilizam modelos de desconto de cash-flows futuros, o que se traduz num acréscimo da volatilidade das cotações no mercado acionista.
Além das obrigações a 20 anos, no dia 20 o Tesouro americano emite TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities) a 10 anos. Tratam-se de títulos com um cupão mais baixo que os Treasuries para a mesma maturidade, mas cujo principal varia consoante a taxa de inflação. As expetativas de inflação implícitas nos níveis de colocação dos TIPS poderão afetar novamente o mercado acionista. Mas existe também uma correlação direta entre as taxas de juro reais do USD (isto é, as taxas nominais deduzidas da inflação) e a valorização de algumas commodities, como o ouro. Quanto mais baixas forem as taxas reais, maior a valorização do ouro, o que lhe confere um estatuto de proteção contra aumentos das expetativas de inflação, para além de servir de ativo de refúgio em momentos de maior incerteza nos mercados.
Na Dolat Capital, acompanhamos de perto estes eventos, dada a influência que têm na valorização dos diferentes instrumentos financeiros, o que nos ajuda a analisar de forma eficiente os mercados e a elaborar as melhores soluções de investimento para os nossos clientes.