Laura Destribats, gestora de este produto com Selo FundsPeople 2021, com a classificação Blockbuster e Consistente, fala sobre as oportunidades ligadas ao conceito millennial.
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Se há algo que está a transformar o mundo são os hábitos dos millennials. As mudanças que as novas gerações impõem nos seus padrões de comportamento na altura de consumir são cada vez mais evidentes e já se estão a deixar de sentir na evolução do negócio de algumas empresas. É um processo lento, paulatino, mas que a longo prazo deixa a descoberto enormes oportunidades de investimento.
Esta é a premissa na qual se baseia Laura Destribats para defender uma ideia sobre a qual a Goldman Sachs AM construiu um produto da qual a própria é a gestora: o GS Global Millennials Equity Portfolio. Trata-se de uma estratégia temática de ações globais que já tem um espaço dentro da carteira de muitos investidores, também na Península Ibérica, onde superou os 100 milhões de património, o que permite desfrutar este ano do Selo FundsPeople, com a classificação Blockbuster e Consistente.
Se algo destacou este fundo nos últimos dois anos foram os seus bons resultados. Nesse tempo dobrou o dinheiro do participante. A cinco anos triplicou. “Quando lançámos o produto a nossa convicção era que os millennials se iam converter na força de consumo mais poderosa e que isso teria um claro impacto a médio e longo prazo sobre os lucros de determinadas empresas. Com a crise do COVID-19, a tendência acelerou-se e as nossas expetativas viram-se reforçadas”, reconhece.
Isto foi muito evidente em como a pandemia exacerbou o mundo digital, um setor ao qual, segundo Destribats, ainda resta muito caminho, e que representa um dos pilares sobre os quais se apoia a estratégia.
O processo
“O nosso processo consiste em identificar tendências que vão ser relevantes em mais de 10 anos para, posteriormente, analisar que empresas se verão cada vez mais beneficiadas por elas. Procuramos empresas líderes em cada âmbito. Para isso, é imprescindível ser muito seletivo e analisar muito bem caso a caso, já que as empresas não reportam os seus lucros por temáticas”, sublinha.
O primeiro passo consiste em filtrar e estreitar o amplo universo de investimento diferente através da análise fundamental, identificando empresas que contem com motores de crescimento sustentáveis ligados ao conceito millennial. “A chave está em saber que parte das receitas provém dos novos hábitos do consumo desta geração”, afirma.
Os seus padrões de comportamento não só afetam o mundo digital, um setor que está a sair muito reforçado pela crise de COVID-19. Também outros âmbitos onde o fundo coloca o seu ponto de mira, como o comércio online, ou a saúde e o bem- estar.
“Existem oportunidades de investimento em setores onde se estão a produzir mudanças importantes como consequência das novas formas de consumo da geração millennial. É o caso, por exemplo, da moda, o serviço de comida ao domicílio, a educação à distância e, inclusive, os serviços financeiros. Dentro de cada um destes sub segmentos existem empresas que estão a beneficiar das novas formas de consumo”.
O objetivo último é constituir uma carteira concentrada, composta aproximadamente por cerca de 50 nomes. Neste trabalho participa uma equipa formada por mais de 80 profissionais repartidos por todo o mundo. Esta presença local é algo muito importante neste fundo, não só pela perspetiva global que aporta, mas sim pelo facto das temáticas não evoluírem ao mesmo ritmo em todas as regiões de uma vez.
“É importante identificar as temáticas com antecedência. A penetração do comércio online nos Estados Unidos, por exemplo, é elevada, mas na América Latina apenas representa 4% do total. Ser capazes de encontrar as empresas que nesta região vão beneficiar desta tendência pode ser uma boa ideia de investimento a médio-longo prazo”, exemplifica.
Amplitude de visão
O conceito de médio-prazo é algo a que Destribats dedica uma especial relevância na hora de investir. “Quando compramos uma empresa, fazemo-lo com a intenção de a manter em carteira para sempre. Nem sempre acontece, mas essa é a ideia. O fundo aplica uma filosofia de investimento de longo prazo, mas em termos absolutos é rígido. De facto, não temos limites a nível setorial ou geográfico. Por vezes, a volatilidade do mercado oferece-nos muito bons pontos de entrada em empresas com modelos de negócio muito expostos ao consumo millennial. Para além disso, não se trata apenas de comprar. Há razões pelas quais por vezes temos que vender”.
Concretamente, a gestora cita três. “A primeira é termo-nos equivocado. É algo que pode acontecer. Nesse caso, não temos dúvidas de nos desfazermos da posição. A segunda é que a valorização tenha alcançado níveis muito elevados, dando lugar a melhores oportunidades de valor relativo. É difícil vender uma entidade que se está a sair bem, mas quando o preço supera certos níveis optamos por investir em títulos que negoceiem a múltiplos mais atrativos. A última é que a empresa tenha sido objeto de uma aquisição. Desde que lançámos o fundo em fevereiro de 2016, 12 das empresas que tínhamos em carteira foram compradas por outras”.
Esta filosofia de investimento de colocar o olhar no longo prazo é o que também o leva a crer que o investidor ainda está a tempo de entrar no comboio da oportunidade representada pelos millennials. “Saber se ainda não é tarde é uma das perguntas que mais nos fazem os nossos clientes. Embora seja certo que a pandemia no ano passado representou um forte tailwind para a estratégia, do ponto de vista do longo prazo ainda não é tarde para investir nela. A oportunidade continua aí porque as tendências continuam vivas”.
Oportunidades na reabertura económica
À medida que o mundo reabre lentamente e os países continuam a distribuir vacinas, a gestora observa atentamente os comportamentos dos consumidores. “Por exemplo, sempre nos centrámos na predisposição dos millennials em gastar dinheiro em experiências, mas estas não foram permitidas ou não foram seguras por causa do COVID-19. Acreditamos que há uma grande procura reprimida e as empresas que vendem entradas para eventos ao vivo estarão bem posicionadas para sair-se bem, já que os millennials podem começar a assistir a esses eventos com segurança”, conclui.