Perspectivas em fixed income através do posicionamento do Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond Fund

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Cedida

No final de trimestre, Nuria Ribas Lequerica, investment director na Legg Mason Global AM, preconizava um cenário positivo para o resto do ano. Enfatizava que a equipa está confiante “que o crescimento global irá continuar a acontecer”, “embora de forma fraca, dados os standards históricos”. De passagem por Lisboa, a especialista afastou das hipóteses a existência de uma possível recessão, mas sempre com cautela: “Existem alguns ‘headwinds’ na mira, como é o caso dos elevados níveis de  dívida nas economias, o que continua a ser objeto da nossa preocupação”. A inflação global, por outro lado, embora num caminho de crescimento ainda não “atingiu o seu ponto ideal. A generalidade dos bancos centrais está a optar por sinalizar um caminho de normalização das políticas monetárias, mas de forma muito lenta” e, nesse sentido “as obrigações governamentais continuam a ser suportadas pelas políticas de baixas taxas de juro”.

A economia norte-americana em concreto, apesar de estar numa expansão económica que é já muito longa, tal não acontece ao nível da sua magnitude, o que para Nuria Lequerica significa que ainda tem “muito espaço para continuar”. A Reserva Federal norte-americana, por sua vez, tem em mãos um grande desafio: “lidar com a normalização num contexto de um crescimento mais robusto, mas com uma inflação insistentemente baixa”. Estes níveis de inflação, prosseguiu, “têm sido fortemente influenciados pela falta de dinamismo no mercado de trabalho e pelos baixos níveis de capacidade de utilização na indústria”.

Em território europeu, a especialista assinalou a contração de yields justificada “por um maior crescimento da Zona Euro”. Do lado dos mercados emergentes, Nuria Ribas Lequerica traçou um outlook mais positivo do que “aquele que se poderia esperar há uns meses atrás”. Essas perspetivas são, na sua opinião, suportadas por factores como por exemplo a desvalorização das moedas locais face ao dólar ou o combate à inflação por parte de alguns países através da subida de taxas de juro. 

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Em seguida são abordados alguns dos temas de investimento mais importantes no seio da equipa da entidade.

Investment grade credit

A área de investment grade tem passado por um rally e os seus spreads reduziram-se dramaticamente. Posto isto, a profissional acredita que uma das fórmulas para conseguir encontrar valor nesta área passa por alguma “criatividade”, e tentar perceber onde é que os spreads estão mais alargados. Aponta como exemplos de sectores favoráveis de entrada o sector da energia nos EUA, o de retalho ou o sector de tabaco. 

High yield

A criatividade atrás pedida na área de investment grade é para Nuria Ribas Lequerica ainda mais fundamental no campo do high yield. A maior atratividade ao nível das avaliações é encontrada no high yield norte-americano. Importante para os investidores pode ser estarem atentos ao mercado de rating CCC. As novas emissões de empresas com este rating de crédito têm “vindo a diminuir” e o mercado está menos interessado nelas porque “sabem que com toda a regulação atual estas são empresas mais próximas do rating D do que outrora”.

Outra nuance a estar atento é tentar perceber “quais os potenciais títulos com rating BB que nos próximos 12/18 meses vão ser capazes de passar a ter rating BBB”.

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Periferia europeia –Itália

Apontando o caso específico de Itália, a especialista referiu que o país oferece claramente “um spread muito mais alargado do que aquele que nós consideramos que deveria apresentar, comparando com as obrigações governamentais alemãs”. No curto prazo, a nossa intenção é tirar partido destes spreads mais alargados.

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Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond Fund

O fundo unconstrained da casa investe 100% em fixed income e não permite alavancagem, em virtude da sua natureza UCITS. Uma das particularidades do produto é o facto de ter um intervalo de duração entre – 5 anos até + 10 anos.

Na construção do portefólio salientam-se dois grandes blocos: por um lado os ativos de risco e, por outro, as estratégias macro. No primeiro incluem-se todos os ativos que têm spread, e cuja permanência em carteira deverá ser no médio/longo prazo. No outro bloco – estratégias macro – é dada atenção ao que pode acontecer no curto prazo. “Aqui fazemos o hedge de certas posições, por exemplo através da gestão da duração, da curva ou da volatilidade”, explica. A este nível salienta também a importância do uso de derivados, “ferramentas muito importantes para o funcionamento deste fundo”.